Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Processo de internacionalização na UEM: o caso do departamento de enfermagem

2023; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ; Volume: 21; Linguagem: Português

10.4025/ciencuidsaude.v21i0.67536

ISSN

1984-7513

Autores

Mayckel da Silva Barreto, Márcio Pascoal Cassandre, Renato Leão Rego,

Tópico(s)

Environmental Sustainability and Education

Resumo

O curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi criado em 1979, sendo o terceiro vinculado a universidade pública no estado do Paraná. Em 2002 foi criada a revista Ciência, Cuidado e Saúde (atual Qualis B1) e em 2004 o Programa de Pós-graduação em Enfermagem (PSE, hoje com Conceito CAPES 5). Toda essa trajetória de acumulação de experiências e desenvolvimento técnico-científico no âmbito do ensino, pesquisa e extensão tem projetado o Departamento de Enfermagem (DEN) da UEM no contexto loco-regional e nacional e, mais recentemente, tem levado à sua inserção internacional. O processo de internacionalização das universidades, além de possibilitar a integração de seu corpo acadêmico à comunidade científica global com a incorporação de uma dimensão internacional e intercultural nos seus propósitos e atividades, também favorece a instalação de processos de modernização, inovação e competitividade(1-2). O ensino superior, com os fatores da globalização e avanço tecnológico, tem sua expansão pautada em aspectos como a democratização e a internacionalização, pois, no atual contexto, não há mais espaço para formação de profissionais e cidadãos com foco, exclusivamente, na inserção local, já que as experiências contemporâneas – sejam pessoais ou profissionais – exigem o desenvolvimento de competências interculturais para o enfrentamento de desafios globais(3). Nesse sentido, o DEN tem realizado diferentes ações para ampliar seu processo de internacionalização. Um fator que tem cooperado para este feito é fato de atualmente o departamento contar com um docente vinculado ao Escritório de Cooperação Internacional (ECI) da universidade, atuando especificamente no setor de mobilidade acadêmica. Isto promove uma maior inserção do departamento nas discussões institucionais sobre a internacionalização e também tem potencial para estimular a participação do DEN em diferentes atividades promovidas pelo escritório. Além disso, no âmbito da graduação o curso de enfermagem é um dos quatro cursos da UEM acreditados pelo Sistema de Acreditação Regional de Cursos de Graduação do MERCOSUL (ARCU-SUL), o qual é resultado de um Acordo entre os Ministérios da Educação da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, homologado pelo Conselho do Mercado Comum do MERCOSUL. Tal acreditação permitiu que o DEN participasse da XII Convocatória do Programa MARCA em parceria com duas universidades bolivianas e outras duas colombianas. A proposta conjunta foi contemplada com financiamento para mobilidades acadêmicas e docentes inbound e outbound durante o triênio 2022-2024. Em 2022 duas acadêmicas da graduação em enfermagem foram selecionadas pelo programa Mitacs Globalink e desenvolverão atividades de pesquisa nas Universidades de Regina e Toronto em 2023. O programa Mitacs faz parte de uma organização de pesquisa sem fins lucrativos criado em 1999, que oferece estágios, em diversas áreas do conhecimento, em 70 diferentes universidades canadenses. O objetivo do programa é construir uma ponte entre o Canadá e os talentos emergentes em pesquisa internacional. No que tange à mobilidade inbound o curso de graduação já recebeu alunos para períodos de mobilidade vindos da Espanha (2000) e Bolívia (2022) ou para graduação plena, por meio do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) vindos da Guiné Bissau (2007) e São Tomé e Príncipe (2019) ou do Edital de Imigrantes e Refugiados vindo da Venezuela (2022). No âmbito da pós-graduação o PSE já contou com cinco alunos que desenvolveram doutorado sanduíche, com financiamentos nacionais e internacionais para países como Alemanha, Canadá, Portugal e Espanha. Ademais, alguns docentes já desenvolveram atividades de pesquisa ou pós-doutorado em centros de excelência do Japão, Espanha, França, Estados Unidos e Portugal. Recentemente um docente do PSE foi contemplado para a realização de visita técnica junto ao Departamento de Enfermagem da Universidad de Antofagasta, Chile, a partir da Rede Zicosur. Em contrapartida um docente daquela instituição visitou nossa instituição, cujas atividades – palestras, visitas técnicas, contato com alunos e pesquisadores – promoveram o que se entende por Internacionalização em Casa: um modo de oferecer experiência internacional e intercultural no campus da UEM de modo abrangente e inclusivo. Com este intercâmbio, as duas instituições se aproximaram, o que levou à proposição de um Programa de Cooperação Interinstitucional (PCI), no qual o PSE promoverá a formação de oito docentes no nível de doutorado daquela universidade. Ainda, o PSE conta com um edital de fluxo contínuo destinado a entrada de estudantes internacionais no mestrado ou doutorado. Os avanços na internacionalização do PSE são relevantes e necessários para o desenvolvimento continuado do programa. Isso porque, sobretudo a partir dos anos 2000, vem sendo ampliada a demanda por internacionalização na pós-graduação brasileira, nas mais diversas áreas. Nas últimas avaliações quadrienais o grau de internacionalização de um programa configura como condição sine qua non para a sua inserção no rol de programas de pós-graduação considerados de excelência – aqueles que, na avaliação CAPES apresentam notas 6 e 7 e, por isso, lideram o ranqueamento(4). No âmbito da pesquisa, os docentes do DEN têm desenvolvido projetos multicêntricos realizados com parcerias internacionais de universidades como a Duke University; Universidad de Huelva; Universidad Publica de Navarra; Universidad de Toledo; Pontificia Universidad Javeriana; Universidade do Porto; Instituto Politécnico de Leiria, entre outras. Isso tem possibilitado a publicação de diversos artigos em periódicos de circulação internacional, especialmente de origem anglo-saxônica. O sentido da internacionalização da pesquisa e produção do conhecimento está intimamente associada a formação de profissionais com compromisso ético-político e para a defesa da saúde efetivamente pública e de direito de todas e todos. Reafirmar a internacionalização significa também propagar a defesa do Sistema Único de Saúde brasileiro e aprender com os sistemas dos outros países. Além disso, o intercâmbio de tecnologias pode ajudar a superar limites ainda existentes do cuidado à saúde e, também, na área da interculturalidade, auxiliando na promoção do cuidado humanizado e sensível a questões étnicas e culturais. Por fim, outro aspecto relevante para a internacionalização do departamento é a crescente qualificação do periódico “Ciência, Cuidado e Saúde” que atualmente conta com importante corpo editorial formado por pesquisadores internacionais, autores e leitores de diversos países e, neste momento, se organiza para pleitear indexação na base de dados Scopus, o que trará maior visibilidade e difusão internacional às publicações veiculadas pela revista. Este ativo e crescente processo de internacionalização do DEN/UEM enfrenta desafios e obstáculos, tanto no contexto institucional como no contexto macropolítico. Por um lado, é preciso integrar políticas públicas e ações de financiamento voltadas à internacionalização. Nesse sentido, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) recentemente publicou um edital de financiamento destinado exclusivamente para o processo de consolidação da internacionalização das Instituições de Ensino Superior do Estado do Paraná, representando um avanço na superação do desafio financeiro que permeia o processo de internacionalização. Por outro lado, percebe-se que, por vezes, a internacionalização depende da “boa vontade” do docente em querer promovê-la em suas aulas, atividades e pesquisas. Isso porque a universidade, por exemplo, não tem especificidades de valorização da internacionalização no avanço e na progressão da carreira acadêmica. Encontrar meios que estimulem a internacionalização ampla, democrática e inclusiva é um desafio constante a ser conjuntamente superado pelos gestores e docentes do DEN e da UEM. As ações de internacionalização da UEM estão pautadas no Plano de Desenvolvimento Institucional, na Política de Internacionalização, na Política Linguística e no Plano de Ações do Laboratório de Internacionalização realizado pela UEM entre 2019 e 2022 em parceria com o American Council on Education (ACE), a CAPES e a Fulbright Brasil. Dentre estas ações, o ECI tem fomentado a realização de atividades de COIL (Collaborative Online International Learning), a oferta de disciplinas em outros idiomas e a discussão sobre a internacionalização do currículo. Vários programas e departamentos da UEM estão engajados nos mais de sessenta acordos de colaboração internacional e parcerias efetivas que a universidade mantém com instituições de vinte países em quatro continentes. O DEN e o PSE estão entre eles, desenvolvendo competências para os desafios globais. Este processo de internacionalização já está em marcha, a passos largos.

Referência(s)
Altmetric
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