
Memória, dor e ressignificação
2006; Volume: 8; Issue: 1 Linguagem: Português
10.60106/rsbppa.v8i1.213
ISSN2764-5762
AutoresFrancisco Carlos dos Santos Filho, Dóris M. Wittmann dos Santos,
Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoEste trabalho pretende apoiar-se em conceitos fundamentais da psicanálise para articular memória e ressentimento, tema do qual se ocupou o Grupo de Estudos Institucional Multidisciplinar da Universidade de Passo Fundo – apelidado de “Os ratos” – no ano de 2004. Inicialmente dedicado a estudar o romance “Os ratos”, de Dyonélio Machado, e a construir cruzamentos com o “O homem dos ratos”, de Freud, esse grupo, que reúne psicanálise, literatura e história, debruçou-se sobre o problema da memória e de sua ressignificação. Os pontos de referência adotados foram “O cheiro de coisa viva”, livro de memórias de Dyonélio Machado, e sua novela “O louco do Cati”. No presente texto, propomos que a exigência de escrever e falar, narrar memórias e acontecimentos reais ou fantasiados liga-se ao fato de poder recriar o vivido e transformá-lo, mexer com os rastros deixados na alma, produzindo efeitos de sentido. A memória não se encontra pronta, com lembranças claras e contextualizadas historicamente. Os fragmentos das marcas deixadas pela experiência vivida – cicatrizes, traços e vestígios – são carne viva: retornam e se impõem como urgência que obriga o sujeito a realizar o trabalho psíquico, de falar sobre eles, cercá-los com a palavra e outorgar- lhes significado, tornando-os memória e sentimento.
Referência(s)