Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Nietzsche, as forças e a psicanálise | Nietzsche, the forces and the psychoanalysis

2023; PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ; Volume: 35; Linguagem: Português

10.7213/1980-5934.035.e202329263

ISSN

1980-5934

Autores

João Perci Schiavon, Peter Pál Pelbart,

Tópico(s)

Hume's philosophy and hair distribution

Resumo

Investiga-se o conceito de força, tal como aparece em Nietzsche e na psicanálise. Objetiva-se esclarecer e potencializar seu uso clínico. A pesquisa se justifica porque se trata de conceber o processo clínico como explicitação da força pulsional, uma vez que a tipologia das forças proposta por Nietzsche e a precisão analítica, de caráter ético e clínico, convergem inteiramente. Uma ética nietzschiana da força ativa (o amor fati) torna-se providencial para se pensar a retomada do conceito de força na psicanálise. Objeções levantadas à noção de força serão oportunas para, inversamente, justificar seu uso: equivalente à noção de real, a de força não se beneficia do deslocamento que a primeira sofre e opera. Que o real possa ser tratado pela negatividade, mas não a força, problematiza o uso das duas noções: a força jamais definir-se-á pelo impossível ou pelo vazio, e sim por atos de resistência ou sublimações. Conclui-se que ao nível dessa potência avaliadora, seletiva, não condicionada pela atualidade, perfilam-se os temas nietzschianos do intempestivo e da transvaloração dos valores. O tempo por vir das forças ativas depende de seu exercício. Esses temas essenciais à filosofia nietzschiana implicam, portanto, a consideração da força e de suas vicissitudes. O mesmo vale para a psicanálise e a noção irrevogável de pulsão. É verdade que, inversamente, a força se esclarece pela transvaloração dos valores que o intempestivo deflagra. A pulsão também só é conhecida mediante seu exercício, ou seja, enquanto ela mesma opera sua decifração pragmática. Ela requer, para tanto, uma perspectiva ética e clínica aliada às suas avaliações imanentes, extramorais. É a razão para que a análise se ocupe do sonho e de sua memória ativa, interpeladora, desde um tempo por vir.

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