
A canção na trama do disco
2023; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 65; Linguagem: Português
10.20396/cel.v65i00.8670378
ISSN2447-0686
AutoresCarolina Lindenberg Lemos, Matheus Henrique Mafra,
Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoEste artigo descreve algumas propriedades textuais do álbum de canções sob um ponto de vista semiótico, visando sobretudo demonstrar em que medida a canção enquanto faixa constitui um objeto de análise distinto da canção tomada isoladamente. Primeiramente, apontam-se fazeres enunciativos que caracterizam o álbum (notadamente a seleção e o sequenciamento de faixas) e que indiciam a tensão existente entre, de um lado, a autonomia textual das faixas e, de outro, o senso de unidade do álbum. Em seguida, evoca-se a concepção de análise segundo Louis Hjelmslev a fim de se estabelecerem critérios para a descrição das relações entre determinada totalidade (classe) e suas partes (componentes). Essas reflexões servem de base para uma descrição de “É doce morrer no mar” enquanto componente da classe Canções praieiras, primeiro álbum lançado por Dorival Caymmi. Verifica-se que as influências entre as duas instâncias se dão em via dupla: enquanto a canção dá voz ao sujeito mulher praieira, que se expressa a si mesmo em seu estado resignado, o conjunto de faixas, manifestando os valores da coletividade praieira, instaura um sentido profundo de suficiência que justifica tal estado. Assim, mesmo se atendo apenas à descrição de seu nível verbal, vê-se que o corpus em questão ilustra a relação de interdependência entre álbum e faixas na geração de sentidos próprios a essa totalidade textual.
Referência(s)