Artigo Acesso aberto

Angiomixoma profundo endometrial: primeiro relato de caso no Brasil

2023; Linguagem: Português

10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1013

ISSN

0368-1416

Autores

Bryan Alexander Cuervo, Mario Fernando Davila Obando, Julio da Silva Almeida, Daniela Cardeño Chamorro, Ana Laura Ribas Braga Bettega, Tatianne Rosa dos Santos, Christian Montero Vera, Sílvio Silva Fernandes,

Tópico(s)

Urologic and reproductive health conditions

Resumo

Introdução: O angiomixoma profundo (AP) é uma neoplasia mesenquimal benigna rara, com apenas cerca de 250 casos registrados no mundo. O AP pode apresentar recorrência local em aproximadamente 40% dos casos quando não é completamente excisado. É mais comum em mulheres e geralmente cresce localmente, embora existam relatos de casos de metástases. A causa do AP ainda é desconhecida. O AP endometrial é ainda mais raro devido à sua localização e geralmente afeta mulheres com menos de 40 anos. Neste relato de caso, descrevemos um caso raro de AP endometrial e pretendemos contribuir para a identificação e o tratamento de possíveis novos casos dessa doença. Relato de caso: Uma paciente do sexo feminino, 48 anos de idade, de etnia branca, apresentou queixa de sangramento anormal e dor pélvica entre janeiro e setembro de 2021. Após avaliação, prescreveu-se acetato de medroxiprogesterona. No entanto, o sangramento uterino aumentou e a intensidade da dor aumentou. A paciente desenvolveu anemia severa e continuou apresentando sangramento uterino anormal sem causa aparente. O exame preventivo (Papanicolau) não mostrou evidências de malignidade. A ultrassonografia transvaginal revelou a presença de leiomioma subseroso. Realizou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, que revelou endométrio espessado com pólipos no canal endocervical. A biópsia do pólipo endometrial e o estudo anatomopatológico revelaram pólipo endocervical com aspecto mixoide do estroma. Indicou-se estudo imuno-histoquímico complementar. Os aspectos morfológicos observados juntamente com o perfil imuno-histo-químico favoreceram o diagnóstico de angiomixoma profundo. A paciente foi encaminhada ao Hospital Mário Kroeff, onde foi realizada ressonância magnética que mostrou útero em anteversão, com contorno lobulado e dimensões aumentadas, apresentando espessamento da zona juncional, sugerindo adenomiose, o que dificultou a avaliação de possíveis lesões miometriais associadas. Além disso, identificou-se leiomioma na parede corporal posterior, subseroso. O endométrio apresentava espessamento e heterogeneidade, com, pelo menos, dois pólipos que realçaram na administração do meio de contraste, sendo o maior próximo ao orifício interno do colo uterino. A paciente foi submetida à histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral (remoção do útero e anexos) no dia 5 de outubro de 2022, permanecendo livre de recorrências até o momento. Comentários: O AP é frequentemente diagnosticado de modo errôneo e pode apresentar taxa significativa de recorrência. Em muitos casos, seu diagnóstico é confundido com outros tumores de partes moles com alterações mixoides secundárias. No caso apresentado, a análise do perfil imuno-histoquímico foi fundamental para o diagnóstico correto. É comum que pacientes com angiomixoma profundo apresentem anemia severa, o que auxilia no diagnóstico diferencial de outras patologias; no caso relatado, a dosagem de hemoglobina foi de 4 mg/dL. Devido às doenças adicionais no útero e com o objetivo de obter margens cirúrgicas 100% livres, optou-se pela realização da histerectomia total abdominal e salpingooforectomia bilateral.

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