Análise quantitativa acerca da realização de parto cesáreo com laqueadura tubária no Brasi
2023; Linguagem: Português
10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1012
ISSN0368-1416
AutoresMarcelle Alves Torres da Silva, Anna Clara Coelho da Rocha Silva, Débora Chaves Lobo de Melo, Lucas Dalsenter Romano da Silva, Beatriz de Oliveira e Castro, Laura Reis Paz, Maria Eduarda Madeira El Khouri,
Tópico(s)Maternal and Perinatal Health Interventions
ResumoIntrodução: A laqueadura tubária é um procedimento cirúrgico de esterilização feminina definitiva, com uma taxa de falha (índice de Pearl) de 0,1–0,3 a cada 100 mulheres por ano. A opção de realizar a laqueadura durante uma cesariana é uma escolha para mulheres que desejam evitar gestações futuras e já têm indicação de passar por um parto cesáreo. Nesses casos, a laqueadura é realizada durante o mesmo procedimento cirúrgico, evitando a necessidade de uma intervenção adicional invasiva no pós-parto. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a evolução do número de partos cesáreos com laqueadura e sua distribuição nas regiões brasileiras, além de analisar a média de permanência hospitalar e a taxa de letalidade associada ao procedimento. Métodos: Realizou-se estudo transversal seriado relacionado aos partos cesáreos com laqueadura tubária realizados no Brasil entre janeiro de 2016 e dezembro de 2022. Os dados foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH), disponível no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis selecionadas foram: parto cesáreo com laqueadura tubária, autorizações de internação hospitalar (AIH), média de permanência e número de óbitos. Resultados: Durante o período de estudo, realizaram-se 285.565 partos cesáreos com laqueadura no Brasil. A Região Sudeste concentrou a maioria dos casos (47,09%), seguida por Nordeste (19,94%), Centro-Oeste (12,20%), Norte (10,61%) e Sul (10,14%). Observou-se um aumento progressivo no número de AIH, com taxa de crescimento de 81,07% entre 2016 e 2022. Nos últimos 6 anos, registraram-se 99 óbitos relacionados ao procedimento, totalizando uma taxa de letalidade de 0,03%. A média de permanência hospitalar para as puérperas após o parto cesáreo com laqueadura tubária foi de 2,7 dias. Conclusão: Observou-se expressivo aumento no número de esterilizações nos últimos 6 anos, o que pode ser justificado por diversos fatores, como mudanças culturais e dinâmicas familiares no Brasil. Os procedimentos foram concentrados principalmente na Região Sudeste, que tem a maior densidade demográfica do país e abriga grandes metrópoles. Além disso, constatou-se baixa taxa de letalidade associada ao procedimento, assim como média de permanência hospitalar semelhante à do parto cesáreo sem laqueadura, indicando que, em média, não há alteração no prognóstico para as mulheres que optam pela laqueadura periparto. No entanto, é importante lembrar que a laqueadura é um procedimento com altas taxas de insucesso na reversão, devendo ser considerada com cautela e discutida em conjunto com um médico especialista para esclarecer todas as dúvidas sobre o procedimento.
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