Artigo Acesso aberto

Integralidade do atendimento à gestante de alto risco — um desafio para unidades de saúde públicas e privadas: relato de caso

2023; Linguagem: Português

10.5327/jbg-2965-3711-2023133s1080

ISSN

0368-1416

Autores

Simone Raimondi de Souza, Giulia Modesto Guimaraes de Mattos Moura, Rafaela Carvalho Rodrigues, Giulia Rodrigues Castro de Lima, Lilian Cristina Caldeira Thomé,

Tópico(s)

Maternal and fetal healthcare

Resumo

Introdução: A promoção da maternidade segura é uma meta de todo profissional de saúde. Gestações de alto risco requerem atenção especial às condições clínicas que podem agravar, interferindo no bom desenvolvimento materno-fetal. Nessas situações, a interlocução entre os diversos serviços dentro das unidades hospitalares se torna condição sine qua non para que, ao final, os desfechos sejam satisfatórios. Relato de caso: M.B.R.N., 33 anos, técnica de enfermagem, diabética tipo 1, infecção do trato urinário, 3 gestações, 1 parto vaginal e 1 cesárea, idade gestacional: 33 semanas e 6 dias, assintomática, é encaminhada à maternidade pela Clínica da Família por pressão arterial (PA) elevada, com 6 consultas de pré-natal. No exame físico na admissão: PA: 150 × 110 mmHg, eucárdica, eupneica, afebril, glicemia capilar: 113 mg/dL, edema de membros inferiores, amputação das falanges e parte dos metatarsos do pé esquerdo em 2022 pós-traumatismo e microangiopatia diabética, coto de pé diabético infectado, com exsudato, secreção serosa e odor fétido. No exame obstétrico: dilatação uterina: 0, altura uterina: 32 cm, tônus uterino: normal, colo fechado, grosso e posterior. Apresentação cefálica alta, bolsa íntegra, batimento cardíaco fetal: 141 bpm, cardiotocografia: CAT1. No laboratório: VDRL-, HIV-, tipo sanguíneo O+, hemoglobina: 10 mg/dL, hematócrito: 30,9%, plaquetas: 375.000, leucócitos: 11.600, INR: 0,85, EAS: glicosúria, Spot: 1,6 (vasculopata), proteinúria: 3+/4+. Em uso de insulina NPH+ regular, mantida. Iniciada dexametasona para amadurecimento pulmonar fetal. Solicitado parecer da Cirurgia Vascular quanto à amputação e da Ortopedia quanto à osteomielite, tendo sido liberada por ambos os Serviços para seguir com a gestação, desde que apresentasse condição clínica estável. Feita otimização do tratamento para controle pressórico da pré-eclâmpsia (PE), glicêmico e, após discussão com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, da infecção no coto, com cefuroxima 750 mg, clindamicina 900 mg e ciprofloxacino 400 mg, todos IV 8/8h. Após 7 dias de internação, houve descompensação glicêmica, sendo decidida a interrupção da gestação por via alta. O recém-nascido é do sexo feminino, pesando 2.200 g, medindo 45 cm, com Apgar 7/8, e apresentou intercorrência: circular triplo de cordão em região cervical com nó verdadeiro, necessitando de cuidados em unidade de terapia intensiva, sendo nutrida com leite materno ordenhado. Ao longo da internação, a paciente também foi assistida pelo Serviço de Cirurgia Plástica, que procedeu ao desbridamento da ferida no coto. Recebeu alta após 22 dias de internação, com pressão arterial e glicemia controladas, além de remissão da infecção. Comentários: O presente relato evidencia a importância do olhar clínico presente no cuidado obstétrico e a necessidade do trabalho multidisciplinar, a fim de buscar o equilíbrio do sistema complexo e adaptativo que é o corpo humano, sobretudo quando em estado gravídico. Os desfechos favoráveis do presente relato se devem primordialmente à sintonia entre as equipes e à dedicação humanizada prestada ao binômio mãe-bebê.

Referência(s)
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