Artigo Acesso aberto

José Saramago e Franz Kafka: Naufrágio com a Mulher da Limpeza

2023; Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística; Volume: 53; Issue: 3 Linguagem: Português

10.18309/ranpoll.v53i3.1837

ISSN

1982-7830

Autores

Kathrin Sartingen,

Tópico(s)

Cultural, Media, and Literary Studies

Resumo

Na sua busca obsessiva de uma ilha desconhecida em O Conto da Ilha Desconhecida (1997) de José Saramago, o personagem denominado “homem” procura se apropriar de algo novo, desconhecido e estranho; algo que lhe permite aportar em novas margens, a adotar novas perspectivas e a viver novas experiências. O que se destaca, desde o início da narrativa, é o apoio - inicialmente despercebido e subestimado - da mulher da limpeza. Já o pobre homem do campo, em Diante da lei (A porta da lei, 1915) de Franz Kafka, porém, não logra esta forma de autorrealização pessoal. Pode-se dizer que lhe falta imaginação ou seriedade existencial em seu empreendimento, ou, na argumentação de Hans Blumenberg, a necessária “experiência filosófica desencadeadora” (BLUMENBERG, 1997, p. S. 15). Mas talvez ao homem kafkiano tenha faltado apenas uma mulher da limpeza que pudesse aguçar o seu olhar para obter o domínio sobre o próprio destino. Tendo como fundamentos a metaforologia de Hans Blumenberg (Schiffbruch mit Zuschauer, 1997), bem como questões de intertextualidade a partir de Genette e Borges, o artigo pretende estabelecer um diálogo do conto de Saramago com a parábola kafkiana, por ele desdobrada de modo absolutamente inusitado.

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