Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A IMPORTÂNCIA DO LABORATÓRIO DE IMUNO-HEMATOLOGIA EM TRANPLANTES RENAIS

2023; Elsevier BV; Volume: 45; Linguagem: Português

10.1016/j.htct.2023.09.1428

ISSN

2531-1387

Autores

RA Cardoso, R Tokuho, MM Yoshisaki, JAD Santos, TF Vieira, Abel D. Santos, RAD Junior, Vanderson Rocha, AM Junior, CL Dinardo,

Tópico(s)

Blood groups and transfusion

Resumo

Transplantes de órgãos sólidos, especificamente renais requerem vários cuidados, entre eles a compatibilidade para o sistema ABO, pois se trata de antígenos de histocompatibilidade e os receptores possuem altos títulos de isohemaglutininas ABO. Essa condição faz com que os candidatos a transplantes renais do grupo sanguíneo B, permaneçam por mais tempo na lista dos transplantes à espera do órgão compatível. Atualmente, a realidade desses pacientes está mudando, pois doadores apresentando subgrupos A2 e A2B poderão ser uma opção para o transplante, uma vez que a expressão dos antígenos A é diminuída. O objetivo deste trabalho consiste em descrever o protocolo utilizado na rotina imuno-hematológica adotada em conjunto com a equipe transplantadora da nossa instituição e enfatizar o papel do serviço de hemoterapia no acompanhamento desses possíveis transplantes A2 e A2B em receptores B. A determinação ABO dos doadores e receptores de órgãos é realizada utilizando a metodologia de aglutinação em coluna automatizada (Gel teste, Erytra/Eflexis®, Grifols). Candidatos à doação de rim do grupo sanguíneo A ou AB são testados com o reagente lectina anti-A1 (Dolichos bifloris). Para os receptores do grupo sanguíneo B, é realizada a titulação das isohemaglutininas ABO, utilizando a técnica de hemaglutinação em tubos para detecção das isohemaglutininas anti-A IgM e metodologia de aglutinação em coluna para detecção das isohemaglutininas anti-A IgG. O protocolo adotado em conjunto com a equipe transplantadora foi a determinação ABO e pesquisa de subgrupo para os candidatos a doação de rim dos grupos sanguíneos A ou AB. Candidatos A2 e A2B podem ser selecionados para transplantar receptores B. Nesses, é realizada uma titulação prévia dos anticorpos anti-A para programação de imunossupressão, trocas volêmicas e infusão de plasma, com o objetivo de diminuição dos títulos e neutralização dos anticorpos anti-A. Durante o período de troca volêmica, novas amostras pós-procedimento serão coletadas para acompanhamento da diminuição do título de anti-A. Em nosso serviço, o título de anti-A IgG aceito será igual ou menor que 16, no entanto, a equipe transplantadora de cada serviço deve estabelecer o limite aceitável. No dia do transplante nova titulação será realizada, bem como o acompanhamento do título de anti-A a cada dois dias no período pós-transplante. Titulação de anticorpos é um teste laboratorial que apresenta muitas variáveis, tais como diluição da amostra, hemácias utilizadas, metodologia empregada e operador técnico. No caso da titulação das isohemaglutininas ABO, outra variável importante é a diferença de concentração in vivo desses anticorpos, já que são produzidos por estímulos naturais (carboidratos) e há mistura das classes de imunoglobulinas IgG e IgM. A utilização ou não de reagentes redutores para desnaturação das IgMs (Ditiotreitol) é discutida. Diante do exposto, é essencial que o laboratório de imuno-hematologia tenha protocolos bem definidos dos testes a serem realizados e é necessária a interação entre as equipes envolvidas no transplante.

Referência(s)