
SÍNDROME DO LINFÓCITO PASSAGEIRO APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO: DESAFIOS DIAGNÓSTICOS
2023; Elsevier BV; Volume: 45; Linguagem: Português
10.1016/j.htct.2023.09.208
ISSN2531-1387
AutoresSLAP Filho, FLS Santos, MG Duarte, WGG Fischer, G.L. van Heck, JF Lopes, AM Carvalho, WWF Costa, MJS Vasconcelos, IA Pessoa,
Tópico(s)Neonatal Health and Biochemistry
ResumoA Síndrome do Linfócito Passageiro (SLP) é uma complicação rara do transplante hepático (TH) e requer alta suspeição para diagnóstico. Relatamos um caso para ilustrar o caminho até o diagnóstico e os confundidores que frequentemente estão presentes. Material/Métodos: Relato de caso após revisão de prontuário médico. Resultado/Relato: Paciente de 32 anos, tipo B+, sexo feminino, sumbetida a transplante hepático ortotópico de doador O+ devido a adenoma hepático múltiplo, fazendo uso de tacrolimos e corticoide. No 5º PO, devido a opacidades pulmonares e dessaturação, foi iniciada antibiocoterapia (ATB) com meropenem e vancomicina, com boa resposta. No 11º PO, apresentou queda de hemoglobina (Hb) com reticulocitose, sem exteriorização de sangramentos. Os exames revelaram bilirubinas totais 2 mg/dL com fração indireta 1,24 mg/dL, haptoglobina 87,6 mg/dL e LDH 446,8 U/L. Não havia esquizócitos na hematoscopia. Foram excluídos sangramentos ocultos com tomografias. Foram repetidas as provas de hemólise (PH), que tornaram-se francamente positivas. O teste direto da antiglobulina (TDA) era positivo 1+ com depósito de IgG e eluato negativo com hemácias (Hc) O. Devido à suspeita de hemólise induzida por droga (HID), foi suspensa a vancomicina, porém não houve incremento de Hb após 4 dias. O TDA foi repetido com resultado positivo 3+ com depósito de IgG. Nos testes pré-transfusionais, a paciente cursou com discrepância ABO (dABO) na prova reversa, com reatividade com Hc B. Foi realizado novo eluato, agora com Hc B, confirmando presença de anticorpo (Ac) anti-B. Confirmado o diagnóstico de SLP, paciente recebeu suporte transfusional com Hc O, com melhora gradual dos índices hematimétricos e redução da necessidade transfusional, sem necessidade de terapia adicional. A SLP se deve à hemólise mediada por Acs produzidos por linfócitos do doador transferidos junto com o órgão. As PH em pacientes hepatopatas podem ser de difícil interpretação, especialmente no contexto pós-operatório, e requerem monitorização, além de exclusão de complicações cirúrgicas, como hematomas profundos. O uso de ATB e imunossupressores podem causar HID. O TDA pode apresentar intensidade variável durante o curso da SLP. O eluato deve ser realizado com hemácias do mesmo tipo da paciente para flagrar hemólise por Acs dos sistema ABO. O surgimento de dABO pode ser uma pista para o diagnóstico. Apesar de rara, a SLP deve ser considerada nos diagnósticos diferenciais de anemia pós TH, devendo-se atentar para os medicamentos em uso, complicações cirúrgicas, reavaliação seriada das PH e eventual surgimento de dABO.
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