Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

DIAGNÓSTICO E MANEJO DE MIELOMA MÚLTIPLO EM PACIENTE COM COMORBIDADES CARDIOVASCULARES: RELATO DE CASO

2023; Elsevier BV; Volume: 45; Linguagem: Português

10.1016/j.htct.2023.09.789

ISSN

2531-1387

Autores

GO Borges, IDM Gonçalves, RMS Soares, DN Cysne, GC Pereira, JAS Abdon, CC Sartório, FD Xavier, FSB Ferreira,

Tópico(s)

Protease and Inhibitor Mechanisms

Resumo

Descrever caso de Mieloma Múltiplo (MM) em paciente com antecedentes cardiovasculares, tratado com 4 procedimentos cirúrgicos previamente à realização de Transplante de Medula Óssea Autólogo (ATMO). Leitura e coleta de dados do prontuário de paciente acompanhado em centro de referência em Hematologia. Paciente masculino, 51 anos, com antecedentes de Doença multivalvar Reumática estágio D, Fibrilação Atrial e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico prévio em 2006 e 2007, foi internado em novembro de 2022 com quadro de tosse, febre e sintomas de Insuficiência Cardíaca descompensada (perfil B). Durante a investigação, foi evidenciada anemia e lesões líticas em corpos vertebrais de T10, L1 e esterno, consolidação sugestiva de pneumonia bacteriana e linfonodos mediastinais proeminentes de até 1,3 cm em Tomografia Computadorizada de Tórax. Em eletroforese de proteínas e em imunofixação foi verificado pico monoclonal de 3,55 g/dL e proteína monoclonal IgG Kappa. O estudo imunofenotípico evidenciou 16,44% de plasmócitos com imunofenótipo anormal positivos para os marcadores CD27 (fraco), CD38, CD56, CD81, CD117, CD138 e negativos para CD19 e CD45, e com restrição de cadeia leve kappa (citoplasmático). A biópsia de medula óssea apresentava 80% de celularidade à custa de intensa plasmocitose com formas atípicas, sendo 70% de plasmócitos de fenótipo anômalo (CD56+/CD117+) e com restrição de cadeia leve Kappa. Confirmado o diagnóstico de Mieloma Múltiplo sintomático, foi iniciado tratamento quimioterápico com esquema Dara-VTd (Daratumumabe, Bortezomibe, Talidomida e Dexametasona), com resposta parcial após 4 ciclos. Como programação de ATMO para consolidação, paciente foi submetido cirurgia de troca valvar mitral metálica, plicatura tricúspide, exclusão de auriculetas e Cox-Maze como preparo e foi submetido a autoTMO, sem intercorrências cardiovasculares ou relacionadas à anticoagulação necessária. O MM é uma malignidade hematológica rara, com mediana de idade de ocorrência aos 65 anos e com tratamento sem intenção curativa até o momento, mas com objetivo de aliviar sintomas, reverter lesões de órgão alvo, manter resposta sustentada, melhorar qualidade de vida e prolongar a sobrevida global. Os casos elegíveis a Transplante de Medula Óssea devem ser sempre encaminhados e o timing para o procedimento inclui o manejo de comorbidades concomitantes. Neste caso relatado, o paciente procurou o serviço de saúde devido a sintomatologia cardiovascular porém foi detectada neoplasia hematológica concomitante. Após firmado o diagnóstico, o tratamento do MM foi iniciado e a equipe da Cardiologia teve extrema importância em otimizar o manejo da Insuficiência Cardíaca e programar a correção cirúrgica das alterações valvulares a fim de propiciar a realização da consolidação do tratamento com o Transplante de Medula Óssea (TMO) com maior segurança para o paciente. Embora o tratamento do MM seja bem diversificado, o manejo da doença em pacientes com outras comorbidades graves ainda permanece um desafio. No caso descrito, o paciente necessitou de uma cirurgia cardiovascular de grande porte antes de prosseguir para o autoTMO, um caso considerado de alto risco para intercorrências.

Referência(s)