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“Conheceis a verdade, e a verdade vos libertarás”: teoria da conspiração ambiental-climática e populismo no início do governo Bolsonaro (2018-2020)

2023; Centre de Recherches sur les Mondes Américains; Linguagem: Português

10.4000/nuevomundo.93994

1626-0252

Klaus Ramalho von Behr,

Climate Change Communication and Perception

O argumento principal defendido neste artigo é o de que as teorias da conspiração ambiental-climáticas propagadas no início do governo Bolsonaro ajudaram a fomentar uma ideologia populista – isto é, a ideia de que há uma luta moral entre o ‘povo de bem’ contra ‘elites corruptas’ e de que o líder populista é o único representante legítimo deste povo porque representa seus valores morais. Para sustentar este argumento, realizamos uma análise de conteúdo qualitativa de 36 discursos conspiratórios em torno da questão ambiental-climática proferidos por cinco atores da alta cúpula do governo Bolsonaro (Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Ernesto Araújo, Filipe Martins e Olavo de Carvalho) entre 2018 e 2020. A partir dessa análise qualitativa, evidenciamos uma estrutura conspiratória da seguinte maneira: elites globais, intelectuais, tecnocráticas e de esquerda buscam instrumentalizar a pauta ambiental-climática – em especial via doutrinação ideológica e alarmismo – para justificarem um controle generalizado sobre as soberanias das nações e as liberdades dos indivíduos. Foi constatado que desmascarar e resistir ao ambientalismo foram as duas mensagens morais principais que essa estrutura conspiratória emana. Diante esta luta moral entre a verdade e a liberdade, na qual as mudanças climáticas e a Amazônia estão inseridas, Bolsonaro é apresentado como líder patriótico que defende a soberania, o desenvolvimento e os interesses do povo e da nação.