
Relação entre os saberes tradicionais indígenas e a educação escolar na aldeia Açaizal – etnia Munduruku
2023; Servicios Academicos Intercontinentales; Volume: 16; Issue: 11 Linguagem: Português
10.55905/revconv.16n.11-105
ISSN1988-7833
AutoresCarlos Eduardo Colares Joseph, Sebastião Diego Cardoso Dos Santos, Ednéa do Nascimento Carvalho,
Tópico(s)Indigenous Studies in Latin America
ResumoPensar a Escola Indígena a partir das concepções de mundo dos povos originários é descrito como um dos princípios da Educação no Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1998). Analisar na prática como se dá a integração entre conhecimento tradicional e educação escolar foi o objetivo dessa pesquisa que teve como espaço amostral a Escola Indígena Dom Pedro II, localizada na Aldeia Açaizal, Território Munduruku no município de Santarém – Pará. A metodologia utilizada foi a observação direta intensiva, caracterizada pela técnica da observação e da entrevista (MARCONI E LAKATOS, 2003, p.190). Foi identificado que na Escola Dom Pedro II há duas disciplinas que lidam diretamente com a tradição indígena, Ensino da Língua Munduruku e Notório Saber. O ensino de uma língua indígena traz o cumprimento da lei que estabelece as escolas indígenas como bilíngues. A disciplina Notório Saber lida com a cosmologia Munduruku por meio do repasse oral de costumes. As aulas dessa disciplina não ocorrem em sala de aula, mas em diversos ambientes da aldeia. Com o notório saber são trabalhadas técnicas que demarcam a diferença cultural entre indígenas e não indígenas, como pintura corporal, rituais de proteção e agradecimento e artesanato Munduruku. Os estudantes também aprendem a utilizar elementos da mata úteis para manipulação de remédios e confecção de utensílios. O modelo exposto na escola pesquisada quebra o paradigma de que não é possível um modelo curricular que haja interação entre a educação escolar com a educação indígena. Tal forma de se trabalhar resulta em alunos preparados para o contexto de mundo ocidental, porém com raízes tradicionais fortalecidas e mais identificados com a sua cultura identitária.
Referência(s)