“NÓS NEM CREMOS QUE ESCRAVOS OUTRORA TENHA HAVIDO EM TÃO NOBRE PAÍS”
2023; Volume: 21; Issue: 2 Linguagem: Português
10.18224/cam.v21i2.13365
ISSN1983-778X
Autores Tópico(s)Arts and Performance Studies
ResumoEste artigo apresenta uma discussão sobre a profissão de fé da litemusicalidade de dois hinos, a saber: o da Proclamação da República (1889), e do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (1989). O objetivo é, de fato, propor uma interpretação, a princípio, de duas letras repletas de cultura e identidade brasileira, ou seja, dois movimentos de construção e expressão do Nacional, o primeiro, da República e seu projeto de embranquecimento e apagamento dos rastros funestos da escravidão negra brasileira, e o segundo, sobre o hino enredo e a aparente reexistência negra no ano do centenário da assinatura da Lei Áurea com o samba enredo, infelizmente, de chapa branca. E a partir dessa relação dialética inicial, incorporam-se também ao exercício crítico, os três primeiros sambas enredos engajados e campeões do carnaval carioca de 1988: Vila Isabel, Mangueira e Beija Flor. A partir de uma revisão de narrativa bibliográfica, destaca-se, então, que essas literomusicalidades apontadas, oficial e marginal, são mais que expressões de subjetividades, elas se tornam em acervos, registros e interpretações das reações à história negra escravizada brasileira, e dessa maneira, tanto a poesia oral através da letra e música, quanto à cultura, estão mimetizadas na festa do hino oficial da República e das frestas da festa do povo nos sambas enredos das Escolas cariocas. Portanto, entre memória, história e esquecimento objetiva-se discutir o testemunho da existência, resistência e reexistência negra no contrapelo da República brasileira e do samba carioca.
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