
Estratégia Célula BIM FA-UFRGS
2023; Volume: 5; Linguagem: Português
10.46421/enebim.v5i00.3283
ISSN2763-6771
AutoresVictor Mateus Schulz, Angélica Paiva Ponzio, Dirceu de Oliveira Garcia Filho, Leticia Weijh, Morgana Dias Mesquita, Natália Diehl,
Tópico(s)BIM and Construction Integration
ResumoBuscando promover a transformação digital da construção civil no Brasil, o Governo Federal publicou em 2019 o Decreto n° 9.983 dispondo sobre a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling (BIM) (Estratégia BIM BR). Entre seus objetivos, a estratégia visa impulsionar e estruturar a utilização de tecnologias e processos BIM integrados, além de promover as mudanças necessárias para sua implementação (BRASIL, 2019). Como reflexo dessa iniciativa, em 2020 foi publicado no Diário Oficial da União o Decreto n° 10.306, que estabeleceu o uso obrigatório do BIM no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia referentes a construções novas, ampliações ou reabilitações realizadas pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal - processo de implementação este que foi dividido em três etapas. A primeira etapa entrou em vigência em 01 de janeiro de 2021. Prevê-se que a segunda etapa entre em vigor em 2024 e a terceira etapa em 2028 (BRASIL, 2020). Por outro lado, à medida que o setor de desenvolvimento tecnológico voltado ao apoio da construção civil avança, sua adoção junto ao campo acadêmico não segue o mesmo ritmo. Assim, com o objetivo de propiciar a atualização dos currículos dos cursos de graduação nas áreas de arquitetura, engenharia e construção, órgãos como a ANTAC (Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído) vêm auxiliando no processo de implementação e ensino de tecnologias digitais nas matrizes curriculares. Neste sentido, em 2022, a ANTAC compôs a denominada “Rede de Células BIM” - projeto este que se espelha em uma ação do Ministério da Economia para concretizar a Estratégia BIM BR. A Rede Nacional congrega professores e pesquisadores de diversos cursos técnicos e de graduação em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil de universidades públicas e privadas, visando a elaboração de Planos de Implantação BIM curriculares. Neste âmbito, criou-se em 2022, a Célula BIM da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (FA-UFRGS), integrada por professores e acadêmicos do Curso de Graduação e por pesquisadores (mestrandos e doutorandos) dos Programas de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura (PROPAR) e em Design (PG-Design). Primeiramente, realizou-se um diagnóstico de permeabilidade visando identificar quais disciplinas do atual currículo do curso apresentam potencial de interface com o BIM. A metodologia deste diagnóstico, sugerida pela Rede Nacional, foi estruturada por Checcucci (2014), e inclui a contribuição de outras referências, a exemplo de Rodrigues e Lima (2017) e Andrade (2018). Identificadas as disciplinas, passou-se a planejar como impulsionar a adesão do BIM em um currículo pré-existente, resultando na chamada “Estratégia Célula BIM FA-UFRGS". Por meio de um planejamento estratégico, vislumbram-se duas escalas: uma macro (vinculada a uma pesquisa de doutorado em andamento), destinada à proposição de um metaprojeto, a saber, - uma estrutura genérica, cabível de ser inserida em diferentes currículos – e foco do presente trabalho. Já o planejamento micro - relacionado a distintas pesquisas de mestrado, atua em situações específicas de inserção do BIM, valendo-se deste metaprojeto, e atuando pontualmente em disciplinas mapeadas no diagnóstico de permeabilidade. O metraprojeto refere-se a uma estrutura composta por módulos prático-teóricos de capacitação em BIM com aumento gradual da complexidade. Prevê-se que esta estrutura será composta por dois blocos direcionados à formação de distintas competências: Modelador BIM e Gerente BIM. Ambos os blocos serão classificados de acordo com: a) Nível de Implementação segundo Succar (2009), a saber Estágio 1. Modelagem, Estágio 2. Colaboração e Estágio 3. Integração; b) Nível de Proficiência em BIM (NPBIM) proposto por Barison e Santos (2011), a saber Introdutório, Intermediário e Avançado; e c) Competências BIM propostas por Barison e Santos (2016) passíveis de serem trabalhadas a nível da graduação. O bloco referente a capacitação de Modelador BIM contemplará a modelagem baseada em objetos e a documentação, englobando, segundo Succar (2009), o Estágio 1. Modelagem e, o NPBIM Introdutório e parcialmente o Intermediário, proposto por Barison e Santos (2011). Este bloco será dividido em etapas básica, intermediária, avançada e otimizada. Como desenvolvimento futuro, esta última etapa vislumbra integrar o BIM às estratégias de design paramétrico e Inteligência Artificial (AI – do inglês artificial intelligence). Já o bloco referente a capacitação de Gerente BIM abordará a colaboração baseada em modelos e a integração baseada em rede, englobando, portanto, os Estágios 2 e 3, Colaboração e Integração (SUCCAR, 2009) além de complementar o NPBIM Intermediário e adentrar no Avançado (BARISON E SANTOS, 2011). Partindo do bloco do metaprojeto referente a capacitação de Modelador BIM, a Figura 1 apresenta uma estrutura preliminar, dividida em linhas (horizontal) e colunas (vertical), a saber: Linha 1: Modelos de referência BIM - refere-se a modelos utilizados como referência para a demonstração/ensino dos conteúdos dos módulos, sendo que um mesmo modelo poderá atender a mais de um módulo e/ou disciplina da Matriz Curricular (modelo multidisciplinar); Linha 2: Disciplinas (em destaque) abordadas em cada módulo - Arquitetura, Estrutura, MEP (do inglês mechanical, electrical and plumbing), conforto ambiental, interiores e patrimônio arquitetônico; Linha 3: Conteúdos previstos para cada módulo; Linha 4: Disciplinas da Matriz Curricular mapeadas no Diagnóstico de Permeabilidade que serão contempladas com os modelos e/ou conteúdos abordados em cada módulo. Cada coluna, por sua vez, representará um módulo. O objetivo de apontar estas informações é contemplar no metaprojeto as categorias elencadas por Checcucci (2014) referentes à: a) tipo de abordagem; b) disciplinas abordadas; c) etapas do ciclo de vida da edificação; d) potencial de integração; e e) estágios de implementação. Após estruturado este metaprojeto, pretende-se disponibilizar os módulos por meio de ações de extensão. Por fim, destaca-se que ao estar vinculado a uma pesquisa de doutorado orientada pela metodologia Design Science Research (DRESCH, LACERDA E ANTUNES JÚNIOR, 2015), este metaprojeto resultará em uma Design Proposition – um artefato que se apresentará como uma possível solução para esta classe de problemas e, passível de adaptação para outros cursos de graduação que enfrentam situações similares (MARCH E SMITH, 1995). Além disso, o mesmo poderá resultar em outros artefatos futuros, disponibilizados como instrumentos pedagógicos visando auxiliar o ensino de conteúdos específicos nas disciplinas do curso - modelos de referência BIM, templates e apostilas.
Referência(s)