
“Contra-imagem da dor”
2023; UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS; Volume: 32; Issue: 3 Linguagem: Português
10.17851/2358-9787.32.3.79-97
ISSN2358-9787
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoO presente artigo propõe uma análise do livro C’est loin Bagdad [fotogramas] (2018), da poeta carioca Leila Danziger, a partir de suas intersecções com o cinema. O livro, que contém apenas um poema subdividido em nove partes, já em seu título faz referência ao curta-metragem do mesmo nome, de 1985, dirigido pela cineasta francesa Valérie Brégaint. Ao longo do poema, Danziger vai elaborar a dor do luto e da perda de Brégaint, que era sua amiga. Assim, mescla-se o enredo do filme C’est loin Bagdad com aspectos biográficos tanto da vida da poeta, quanto da cineasta. O objetivo deste artigo é mostrar de que formas o texto lírico de Danziger dialoga com a linguagem cinematográfica, bem como debater os possíveis usos da imagem para elaboração do luto, com amparo, principalmente, nas reflexões propostas por Roland Barthes (2018), Susan Sontag (2003, 2004), Audrey Linkman (2011) e Didi-Huberman (1998). Através das análises, compreendeu-se que, no poema, as imagens – materiais e imaginadas – tecem a trama que entrelaça vida e morte, ficção e realidade. Como peças fundamentais para lidar com a morte de alguém querido, elas preenchem o presente como lembretes constantes de um passado impreciso e distante. As imagens não atuam como evidência ou prova de algo que aconteceu, como memórias eficazes dos tempos remotos, pelo contrário, são vestígios borrados do passado que somente adquirem sentido quando organizadas poeticamente, quando elaboradas e reposicionadas no texto lírico.
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