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Tamanho de grupo e abundância relativa de <i>Mico emiliae</i> na porção sul de sua extensão de ocorrência

2020; Volume: 26; Issue: 2 Linguagem: Português

10.62015/np.2020.v26.51

2995-2174

Angele Tatiane Martins Oliveira, Patrick Ricardo de Lázari, Samuel Murilo Pagani de Oliveira, Júlia Moraes Vieira, Mariana Giello Alves, Tiago da Silva Henicka, Luciano Ferreira da Silva, Christine Steiner São Bernardo, Gustavo Rodrigues Canale,

Fish biology, ecology, and behavior

Mico emiliae é uma espécie endêmica do Brasil, ocorrendo nos estados de Mato Grosso e Pará ao longo dos interflúvios Iriri – Xingu e, mais ao sul, Teles Pires – Xingu, onde habita florestas ombrófilas de baixada e florestas secundárias. Apesar de classificado como ‘menos preocupante’ segundo a IUCN Lista Vermelha, as populações da porção sul da área de distribuição ocupam florestas degradadas por queimadas, desmatamentos, garimpo ilegal, proximidade a monoculturas com intenso uso de agrotóxicos, presença de rodovias, empreendimentos hidroelétricos, e expansão da malha urbana. Portanto, é necessário o levantamento de dados demográficos em toda a extensão de ocorrência para delinear melhores estratégias para sua conservação. Neste estudo, estimamos três parâmetros demográficos: tamanho de grupo, abundâncias relativas (taxas de encontro) e densidade para Mico emiliae, na margem direita do rio Teles Pires - MT. Entre 2015 e 2018, percorremos 1,192 km, em quatro transectos lineares com cinco quilômetros de extensão, e avistamos grupos de M. emiliae 43 vezes. Observamos indivíduos solitários, ou distante do grupo, até grupos de 10 indivíduos, com tamanho médio de 4.7 ± 3.2 indivíduos. As taxas de encontros variaram de 0.38 a 0.56 (DP: ± 0.10) grupo/10 km, com densidade estimada para toda a área amostrada de 0.24 ind/ha (CI = 0.16 a 0.33) e 0.07 grupo/ha (CI = 0.05 a 0.11 grupo/ha). Finalmente, confirmamos populações de M. emiliae ao sul das localidades conhecidas para a espécie. Este é o primeiro relato de parâmetros demográficos para populações da espécie no extremo sul de sua distribuição, uma região em acelerado processo de perda de habitat na região de ecótono Amazônia - Cerrado. Ressaltamos a necessidade do monitoramento contínuo de populações de M. emiliae em áreas sob diferentes intensidades de impacto antrópico para a execução de ações urgentes para a conservação destas populações recém descobertas.