
Eurico, o presbítero nos cursos de literatura de Cônego Fernandes Pinheiro e Sotero dos Reis: ensino de literatura, identidade e memória cultural
2023; Volume: 15; Issue: 30 Linguagem: Português
10.11606/issn.2175-3180.v15i30p252-273
ISSN2175-3180
Autores Tópico(s)Linguistics and Education Research
ResumoEste artigo propõe uma leitura da exposição da obra Eurico, o presbítero, de Alexandre Herculano nas produções didáticas de história da literatura do Cônego Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro (Curso Elementar de Literatura Nacional) e de Francisco Sotero dos Reis (Curso de Literatura Portuguesa e Brasileira). Pretende-se fazer uma análise crítica dessa produção historiográfica como espaço de constituição de memória cultural e afirmação da nacionalidade literária em constante tensão com a herança cultural portuguesa no cenário das letras brasileiras da segunda metade do século XIX. Para tanto, o foco no discurso a respeito do romance de Alexandre Herculano por esses autores pode se tornar capaz de revelar certos aspectos implícitos ou incongruentes do projeto de construção de uma identidade cultural nacional inspirada pelo romantismo: tanto na forma de se representar essa obra contemporânea aos críticos, quanto em seu caráter histórico e épico como ponto de apoio para a distorção dessa representação e apropriação de seu conteúdo mítico. Uma vez que essas são produções de professores, voltadas especificamente para o ensino de literatura, busca-se traçar um panorama de sua inserção nesse âmbito, da consonância das propostas pedagógicas com a orientação crítica e historiográfica dos cursos, além de uma visada às suas estratégias de ensino. Esta análise será sustentada por pesquisas historiográficas a respeito da leitura, do livro didático e do ensino de literatura no Brasil do século XIX, em trabalhos como o de Regina Zilberman e Marisa Lajolo sobre a formação da leitura no país (1996), bem como por contribuições teóricas acerca da formação do cânone literário e da memória cultural, com atenção às produções de Antonio Candido (2000) e Aleida Assmann (2011), respectivamente.
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