
Confecção de overlay para restabelecimento da dimensão vertical de oclusão
2024; Volume: 22; Issue: Supl.2 Linguagem: Português
10.61217/rcromg.v22.450
ISSN2357-7835
AutoresAlissa Lara Ávila, Eduardo Henrique da Silva, Wender Batista de Souza, Luana Cardoso Cabral, João Edson Carmo de Oliveira, Morgana Guilherme de Castro Silvério, Germana De Villa Camargos,
Tópico(s)Temporomandibular Joint Disorders
ResumoDesequilíbrios oclusais resultantes de atividades parafuncionais (bruxismo e apertamento), erosão ácida e/ou falta de estabilidade oclusal podem resultar na redução na dimensão vertical de oclusão (DVO) (MUKAI MK, et al., 2010), podendo gerar diversos problemas como perda óssea, mobilidade dentária, perda de estrutura dentária por desgaste ou alterações músculo-articulares (COSTA MM, et al., 2002). O restabelecimento da DVO deve ser feito inicialmente de forma provisória, utilizando de próteses temporárias, denominadas overlays, as quais restabelecem as funções fisiológicas do paciente e orientam a reabilitação definitiva. As overlays são próteses modificadas que recobrem a face oclusal de um ou mais dentes, podendo até mesmo recobrir as faces oclusais de todos os dentes posteriores e as incisais e palatinas dos dentes anteriores para apoio e sustentação, ajudando então no reestabelecimento da DVO, possibilitando a recomposição do plano oclusal, estabilização oclusal, e condicionamento muscular previamente ao tratamento reabilitador definitivo (SOUZA JEA, SILVA ET, LELES CR, 2009). Neste contexto, esse trabalho objetiva relatar a técnica de confecção e utilização da prótese parcial removível overlay, assim como discutir a efetividade desta modalidade de tratamento e sua importância no planejamento da reabilitação definitiva. Esse caso clínico refere-se a um paciente do sexo masculino, de 61 anos, que compareceu no Hospital Odontológico da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia com a queixa estética deficiente e necessidade de reposição de alguns dentes ausentes. Clinicamente foi observado ausências dentárias (16, 17, 24, 26, 27, 34, 36, 37, 46 e 47), as quais resultaram na extrusão dos dentes antagonistas, alteração da dimensão vertical de oclusão (DVO), inversão do plano oclusal, instabilidade oclusal, desgastes dentários acentuados, além de overbite/ overjet acentuado. Todavia, apesar do desgaste dental, todos os dentes presentes apresentavam suporte periodontal satisfatório e saúde periodontal, comprovado pelo periograma e exame radiográfico. Diante da complexidade do caso clínico e necessidade de reestabelecimento da DVO previamente aos procedimentos reabilitadores definitivos, foi indicada a confecção de uma prótese parcial removível do tipo overlay. Para isso, foram obtidos incialmente os modelos de trabalho dos arcos parcialmente dentados em gesso pedra tipo IV. O modelo superior foi montado em articulador semi-ajustável com auxílio do arco facial. Para a montagem do modelo inferior em ASA, a foi determinada DVO com auxílio do Jig de Lúcia. Este método pode ser usado com sucesso para avaliar a dimensão vertical dos dentes naturais ao comparar a posição relativa do dente anterior durante a pronúncia do som “S”. A posição mandibular normal durante a pronúncia desse som corresponde a borda incisal dos incisivos centrais inferiores aproximadamente 1 mm inferior e lingual à borda incisal dos incisivos centrais superiores (SILVERMAN, 1953). Além de auxiliar na determinação da DVO, o jig também serviu para registrar a posição de relação cêntrica (RC). Posteriormente, foi realizado o registro intermaxilar com auxílio de uma base de prova superior e cera rosa 7, guiando a mandíbula do paciente até a marca previamente estabelecida na parte palatina do jig, registrando assim a posição de RC e a DVO simultaneamente. Em seguida, o jig e o registro intermaxilar foram removidos da boca do paciente e permitindo assim a montagem do modelo inferior em ASA. No laboratório foi realizado o enceramento da overlay sobre os modelos montados no articulador na DVO estabelecida. Logo, os dentes desgastados foram aumentados e os ausentes substituídos por dentes de estoque artificiais. A prótese do tipo overlay foi instalada em clínica, feito os ajustes necessários quanto a oclusão e estética, e o paciente foi orientado quanto a higienização e uso das próteses. Devido a necessidade de adaptação do sistema estomatognático frente a nova DVO, normalmente entre 6 a 8 semanas (CAVALCANTI et.al; 2015), foram estabelecidos retornos periódicos durante esse período de adaptação para reavaliação da DVO, até o momento de iniciar o tratamento reabilitador definitivo. No presente caso clínico, o paciente utilizou as overlays por um período superior a oito semanas e relatou melhora na função mastigatória e conforto neuromuscular ao utilizar as próteses. Em suma, a confecção de reabilitações extensas associadas à alterações na dimensão vertical de oclusão são um grande desafio para o cirurgião-dentista. Portanto, além da avaliação cuidadosa da etiologia relacionada à redução da dimensão vertical de oclusão, a confecção da Prótese Parcial Removível Overlay é fundamental para o restabelecimento das relações maxilomandibulares, desempenhando também um papel relevante para determinar um adequado plano de tratamento a fim de obter maior previsibilidade no tratamento reabilitador definitivo. Nesse caso clínico, o tratamento reabilitador definitivo será realizado com a confecção de próteses fixas convencionais associadas a próteses parciais removíveis.
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