
corpo adiposo da bochecha e os seus aspectos morfológicos e clínicos na Odontologia
2024; Volume: 22; Issue: Supl.2 Linguagem: Português
10.61217/rcromg.v22.415
ISSN2357-7835
AutoresKeila Abadia Gonzaga, Guilherme Santos de Sousa, Fábio Franceschini Mitri,
Tópico(s)Oral and Maxillofacial Pathology
ResumoIntrodução: O corpo adiposo da bochecha (CAB) é uma estrutura de tecido adiposo envolto por uma delgada cápsula de tecido conjuntivo denso localizada entre o músculo bucinador e a pele da bochecha. Este foi primeiramente descrito em 1802 pelo anatomista Marie François Xavier Bichat e, desde então, passou a ser referido como “bola de Bichat”. Na odontologia, existem algumas aplicações clínicas a esta estrutura, desde a sua utilização para preenchimento de enxerto gengival ou tratamento de comunicação bucosinusal até a sua remoção cirúrgica, na harmonização orofacial. Desta forma, o conhecimento da sua morfologia e abordagem clínica é essencial para o cirurgião dentista. Objetivo: O objetivo deste trabalho observacional é descrever os aspectos morfológicos do Corpo Adiposo da Bochecha e as suas aplicações clinico-cirúrgicas na odontologia, através de uma revisão de literatura. Metodologia: Os artigos científicos foram levantados a partir das bases de dados on-line, sem restrição de data, e selecionados a partir do tema de interesse neste estudo, aplicando as palavras-chaves corpo adiposos da bochecha, morfologia e odontologia. A região geniana foi dissecada em peça anatômica não-identificada do acervo de estudo do Laboratório de Anatomia Humana da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Resultados e discussão: O CAB possui uma anatomia complexa com uma parte central encapsulada e tamanho semelhante em diferentes indivíduos com peso médio de 9,3 gramas e volume de 9,6 mililitros (Stuzin et al., 1990). Portanto, é diferente do tecido subcutâneo, mas possui extensões para alguns espaços faciais da face, oral, pterigóidea e temporais profunda e superficial. Tem função termogênica local e proteção de vasos e nervos, especialmente na região geniana (Racz et al., 1989). Na harmonização orofacial, pode ser realizada a remoção cirúrgica de sua parte central reduzindo o volume estético da região geniana e enfatizando a proeminência malar, esculpindo os ângulos faciais (Ramirez, 1999), procedimento conhecido por bichectomia. Entretanto, considerando-se as funções do CAB, há a necessidade de estudos sobre os efeitos da bichectomia a longo prazo nos idosos, uma vez que durante o envelhecimento da face ocorre o aprofundamento da área frontal da maxila, alteração nas margens da cavidade orbital e o estreitamento lateral da base da mandíbula (Mendelson; Wong, 2012), provendo à face um aspecto cadavérico. Também pode ser utilizado como estrutura para enxerto gengival, fechamento de comunicação bucosinusal, reconstruções de articulação temporomandibular anquilosada ou material de preenchimento labial ou em reconstrução orbital. Conclusão: Para o cirurgião dentista e profissionais que atuam na região da cabeça e pescoço e em cirurgias estéticas na face é essencial o conhecimento da complexa anatomia e morfologia do corpo adiposo da bochecha e as estruturas adjacentes, considerando a anatomia topográfica e a estratigrafia local. Assim, o embasamento teórico aliado às informações científicas e clínicas se torna uma ferramenta clínica para facilitar a abordagem clínica do paciente e a prática cirúrgica a esta estrutura da face, provendo um melhor plano de tratamento necessário e adequada para cada caso, bem como intervenções cirúrgicas. Entretanto, alertamos neste trabalho que não há na literatura mundial estudos sobre os efeitos estéticos e principalmente funcionais a longo prazo da bichectomia. Os procedimentos de preenchimento gengival e fechamento de comunicação bucosinusal podem apresentar resultados satisfatórios.
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