
Apropriação da figura do revolucionário pelo grande capital: Uma análise de Marighella (2019)
2024; Associação de Investigadores da Imagem em Movimento; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.14591/aniki.v11n1.1014
ISSN2183-1750
Autores Tópico(s)Youth, Politics, and Society
ResumoNeste artigo, analisamos o filme Marighella (2019), uma cinebiografia do guerrilheiro comunista brasileiro Carlos Marighella (1911-1969), a fim de entender a representação do revolucionário, sabendo que a obra é um produto da O2 Filmes e da Globo Filmes, empresas de maior capital no campo cinematográfico brasileiro. Com base nas premissas de que as obras audiovisuais expressam visões de mundo específicas e que estas têm relação com o grupo produtor, argumentamos que, embora Marighella diga respeito a um famoso revolucionário, a narrativa cinematográfica expressa um discurso anti-revolucionário, que o coloca, inclusive, como terrorista. Argumentamos também que o faz reproduzindo o estilo que o grupo produtor em questão tornou hegemônico na representação da violência no cinema brasileiro, a saber, o estilo do ‘naturalismo cruel’. Discutimos, por isso, as implicações dessa estética na trama, interrogando quais os efeitos que ela tem na representação do revolucionário e da violência, bem como na construção do ponto de vista narrativo e do discurso político.
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