
O som na mise-en-scène do documentário brasileiro contemporâneo: Uma análise de Aracati (2016)
2024; Associação de Investigadores da Imagem em Movimento; Volume: 11; Issue: 1 Linguagem: Português
10.14591/aniki.v11n1.995
ISSN2183-1750
AutoresRaquel Salama Martins, José Francisco Serafim,
Tópico(s)Diverse academic research themes
ResumoEste artigo pretende contribuir para os estudos da relação entre som e mise-en-scène no cinema documentário brasileiro contemporâneo. Com base na obra de Michel Chion, Murray Schafer e Daniel Deshays, bem como nas reflexões de Virginia Osorio Flôres sobre o lugar do som na mise-en-scène cinematográfica contemporânea, pretendemos investigar o som ambiente enquanto elemento de encenação na narrativa cinematográfica, em especial no gênero documental. Como podem os “sons fundamentais” e “arquetípicos” do ambiente ser captados, editados e inseridos na montagem de modo a se tornarem num importante elemento de mise-en-scène no filme documental? Tomando como estudo de caso o documentário brasileiro Aracati (2016), de Aline Portugal e Julia De Simone, partimos da hipótese de que, na primeira parte desta obra, mais poética, o som ambiente participa, tanto quanto os elementos visuais, da mise-en-scène do espaço e de suas transformações através do jogo com as diferenças entre as materialidades e os sentidos das imagens visuais e sonoras. Nossa metodologia de análise do filme envolve os procedimentos de análise interna da imagem e do som sistematizados por Jacques Aumont e Michel Marie. O resultado do estudo mostra que os sons fundamentais em Aracati, em especial os sons do vento, são utilizados como elementos de mise-en-scène através de duas formas recorrentes: a primeira, pelo uso do som fora da tela (som off); e a segunda, através do uso de variações de sons cujas fontes ou rastros visuais são vistos na tela (som in), tendo como efeito estético e narrativo a representação contrastante do vento nos limites entre a natureza, a cultura e o artifício.
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