Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Geologia e potencial metalogenético para ouro de uma área ao norte do município de Salgueiro (PE)

2024; Volume: 33; Issue: 1 Linguagem: Português

10.51359/1980-8208.2023.259797

ISSN

1980-8208

Autores

Daniel Delduque de Noronha, Sebastião Rodrigo Cortez de Souza, João Paulo Araújo Pitombeira,

Tópico(s)

Geophysical and Geoelectrical Methods

Resumo

A região do município de Salgueiro, oeste do estado de Pernambuco, é conhecida pela presença de veios de quartzo auríferos. Estudos geológicos na região começaram na década de 80 e se intensificaram nos últimos anos devido ao alto preço do metal Au no mercado. A área de estudo está localizada na Província Borborema, no Domínio Piancó-Alto Brígida, onde são encontradas rochas supracrustais do Supergrupo Salgueiro, de idade toniana, e intrusões graníticas ediacaranas diversas como a Suíte Intrusiva Serrita e o Stock Barra Verde. O mapeamento geológico de uma área com cerca de 36 km2 na escala 1:20.000, resultou na caracterização de 4 unidades de rochas metassedimentares denominadas: GI, GII, GIII e GIV. Em geral, essas unidades apresentam rochas com colorações variando de avermelhado à cinza-esverdeado, de granulação fina-média, exibindo xistosidade e textura lepidoblástica. Um metarriolito ocorre na forma de soleira intercalados nos xistos da Unidade GIV, representando o vulcanismo félsico do Supergrupo Salgueiro. Veios de quartzo afloram em praticamente todas as porções da área estudada, e podem ser divididos em 2 grupos: o tipo V1 formado por veios de quartzo sacaroidais, milimétricos a centimétricos, com direção preferencial NW-SE, preenchendo fraturas e foliação plano axial de dobras intrafoliais; e o tipo V2, de aspecto leitoso, apresenta dimensões centimétricas a métricas e preenchem fraturas de direção WNW-ESE. Ambos têm textura blocky e mostram-se intensamente fraturados com preenchimento tardio por óxidos/hidróxidos de ferro e manganês. A geologia estrutural da área é marcada por uma foliação principal/xistosidade (Sn) paralela ao acamamento sedimentar (S0) de direção NW-SE com mergulho fraco a moderado para NE. Quase perpendicular a Sn, clivagens de crenulação formam dobras plano axiais oblíquas à xistosidade (Sn+1) e são afetadas por dobras abertas com planos axiais verticais (Sn+2) WNW-ESE e uma incipiente transcorrência, no fim da orogenia brasiliana. O fraturamento e falhamento tem direção principal NE-SW e permitiram a passagem de fluidos hidrotermais e consequente geração da biotita xisto com carbonato-muscovita (hidrotermalito). Análises geoquímicas por Fluorescência de Raios-X portátil (FRXp) indicam que há um aumento na quantidade de SiO2 (de 40% para 48%) da base para o topo das unidades de rochas supracrustais (de GI para GIV), com um enriquecimento de K2O (de até 118%) dado por hidrotermalismo afetando a biotita xisto com carbonato-muscovita, além de aumento relativo de Al2O3 (de até 39%), em relação às rochas metassedimentares não alteradas por este processo. Os veios de quartzo são formados por SiO2 (>96%) com teores de Cr (150-240 ppm), Cu (40-80 ppm), S (62,5-70 ppm) e V (17,5-30 ppm), além de Zn, As, Rb, Sr, Zr, Nb, Pb e Bi, todos detectados, mas em concentrações abaixo dos limites de detecção das análises. A presença de paragonita [NaAl3Si3O10(OH)2] em equilíbrio textural com os minerais-minério complementa a associação mineral hidrotermal indicando influência de fluidos hidrotermais magmáticos. Ainda há carbonatação, potassificação, sericitização, cloritização e oxidação. A presença de pirita aurífera (Au em torno de 8% em peso) associada aos veios de quartzo é indicativa de um ambiente fértil com possibilidades prospectivas para ouro na área.

Referência(s)
Altmetric
PlumX