Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

“Transformando Cruz em Encruzilhada”: Blocos Afro de Carnaval e a Produção de Espaços Negros em Belo Horizonte

2023; UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA; Volume: 30; Issue: 107 Linguagem: Português

10.1590/1984-92302023v30n0024pt

ISSN

1984-9230

Autores

Ana Flávia Rezende, Luiz Alex Silva Saraiva, Luís Fernando Silva Andrade,

Tópico(s)

Urban Development and Societal Issues

Resumo

Resumo Neste ensaio teórico, propomo-nos a problematizar Belo Horizonte do ponto de vista racial quanto a processos de dominação e resistência mediante a discussão da produção de espaços negros por meio de blocos afro de Carnaval. Partimos da produção das cidades brasileiras atrelada à questão racial, evidenciando o quanto esse componente, na escravização dos negros e posteriores práticas de embranquecimento, torna as cidades, desde sua criação, espaços avessos à presença negra, para então tratar das especificidades de Belo Horizonte, a capital planejada de Minas Gerais, símbolo da modernidade e progresso que se buscava no Brasil República. Esse debate é importante pano de fundo para a discussão sobre a resistência negra na cidade, que produz espaços que primam pelo encontro, numa perspectiva de encruzilhada que pode contribuir para a virada espacial nos Estudos Organizacionais. As principais conclusões apontam para organizações de resistência negra, tais como o bloco afro Angola Janga e o Kandandu, como campo de possibilidades. Assim, reconhece-se que, do outro lado da segregação, estão as formas de (re)existir do povo negro, que luta para fazer parte dessa cidade, ao mesmo tempo que busca fortalecer sua identidade e cultura afrodiaspórica. Para além de evidenciar o seu caráter organizacional, essas manifestações recorrem a elementos estéticos e colocam os(as) negros(as) em um lugar de (re)existência que sinaliza o direito que eles (elas) também têm de ocupar a urbe para o lazer, e produzir e reforçar identidades negras.

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