Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

A incidência de impairment de ativos não circulantes diante da crise da covid-19

2023; UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; Volume: 34; Issue: 93 Linguagem: Português

10.1590/1808-057x20231775.pt

ISSN

1808-057X

Autores

Alan Simon Bravo, Verônica de Fátima Santana, Raquel Wille Sarquis,

Tópico(s)

COVID-19 Pandemic Impacts

Resumo

RESUMO O objetivo deste artigo foi investigar se houve aumento da incidência de impairment de ativos não circulantes com o advento da crise da covid-19. A literatura contábil brasileira sobre as implicações da covid-19 nos negócios ainda carece de evidências empíricas, especificamente sobre os reflexos dessa crise em variáveis contábeis de longo prazo, em que o efeito da covid-19 é mais difícil de ser determinado. O tema é relevante, pois revela aos investidores, órgãos reguladores, preparadores e auditores os efeitos que uma futura crise, similar à covid-19, poderá trazer aos negócios. O trabalho é também relevante para a academia, sendo um dos primeiros a analisar o efeito da pandemia em ativos de longo prazo. Os achados permitem uma reflexão sobre como empresas e setores estão mais ou menos expostos ao risco de impairment em crises, fornecendo inputs para a tomada de decisão de investimentos perante esses cenários. O estudo foi realizado com 383 companhias abertas brasileiras registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no período de 2016 a 2020. Para testar a hipótese desta pesquisa, foram coletadas manualmente as constituições e reversões das perdas por impairment de 1.805 demonstrações financeiras e empregados modelos estatísticos de regressão linear com dados em painel de efeitos fixos. Constatou-se relação positiva e significante entre os efeitos da crise da covid-19 e a incidência de impairment de ativos não circulantes em companhias brasileiras, a qual manteve-se mesmo após o controle de diversos fatores econômico-financeiros. Ao segregar os impairments de ativos imobilizados e intangíveis, os achados sugerem que os ativos intangíveis estiveram mais expostos à crise da covid-19 em relação aos imobilizados. Os resultados permaneceram robustos nas diferentes análises econométricas realizadas, dentre as quais destacam-se padrões setoriais, subamostras e o efeito da firma de auditoria. Esta pesquisa contribui para o debate acadêmico e profissional ao confirmar a correlação dessa crise com os impairments lançados nas demonstrações financeiras, levantando seus efeitos na contabilização de ativos não circulantes e nos retornos de longo prazo das empresas e setores analisados.

Referência(s)