Artigo Acesso aberto Produção Nacional

Determinantes para dor de dente em pré-escolares avaliada através do Discomfort Questionnaire-B

2024; Volume: 22; Issue: Supl.4 Linguagem: Português

10.61217/rcromg.v22.462

ISSN

2357-7835

Autores

Laura Jordana Santos Lima, Luana Víviam Moreira, Caroline de Oliveira Rodrigues, Izabella Barbosa Fernandes, Renata Aparecida Guimarães, Maria Letícia Ramos‐Jorge, Joana Ramos‐Jorge, Maria Eliza da Consolação Soares,

Tópico(s)

Dental Trauma and Treatments

Resumo

Introdução/Justificativa: A dor dentária constitui um problema de saúde pública que impacta negativamente na qualidade de vida da criança. Compreender os fatores que determinam sua ocorrência é importante para o estabelecimento de prioridades e estratégias voltadas para o bem estar físico e emocional na infância. No entanto, a realização de investigações nesse sentido encontra limitações quando direcionadas a crianças em idade pré-escolar, devido à dificuldade em identificar a dor dentária nessa faixa etária. Assim, foi desenvolvido na Holanda e posteriormente validado no Brasil, o Dental Discomfort Questionnaire (DDQ), uma ferramenta projetada para superar as limitações de medição e minimizar a imprecisão na avaliação da dor nessa população. Soma-se ao exposto a escassez de estudos de coorte prospectivos, que representam a abordagem de pesquisa mais adequada para identificar fatores de risco associados à dor dentária em pré-escolares. Objetivos: Determinar os fatores de risco para a incidência de dor dentária em um estudo longitudinal prospectivo envolvendo crianças pré-escolares. Metodologia: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo com uma amostra aleatória de 151 crianças de um a três anos de idade e seus pais/cuidadores por um período de três anos em Diamantina, Minas Gerais, Brasil. O estudo foi conduzido de acordo com os preceitos éticos estipulados na Declaração de Helsinque e recebeu aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (certificado número: 1.921.084). O baseline desse estudo incluiu crianças selecionadas por sorteio simples através de uma lista fornecida pela Secretária Municipal de Saúde. As crianças foram alocadas em dois grupos de acordo com a exposição principal adotada nesse estudo (presença de cárie dentária no baseline). Crianças que apresentavam cárie dentária no baseline foram alocadas no grupo de expostos e aquelas que não apresentavam cárie dentária no baseline no grupo de não expostos. Três anos após o baseline, as crianças foram convidadas para o follow-up. A coleta de dados envolveu exames clínicos bucais das crianças e aplicação de questionário em formato de entrevista aos pais/responsáveis. A dor de dente foi avaliada pela versão brasileira do Dental Discomfort Questionnaire (DDQ-B) no baseline e no follow-up para o cálculo da incidência. Os participantes foram examinados clinicamente para cárie dentária, usando critérios o International Caries Detection and Assessment System (ICDAS II) e para traumatismo dentário, utilizando os critérios propostos por Andreasen (2007). Os pais/responsáveis foram solicitados a responder um questionário aplicado em formato de entrevista abordando características sociodemográficas, econômicas e frequência de consumo alimentar que foram investigados no baseline e no follow-up de três anos. Os resultados obtidos foram analisados através do software Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 22.0. A análise dos dados incluiu análises descritivas e análise de regressão de Poisson. Foram calculadas razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC 95%). Resultados: Um total de 151 crianças participou de todas as etapas do estudo. A média de idade foi de 28.5 meses (desvio padrão: 10.8) no baseline e 66.6 meses (desvio padrão: 11.9) no follow-up. No início do estudo, 54 crianças (35,8%) apresentavam dor dentária, com incidência no follow-up de 14,6%. Na análise de regressão univariada de Poisson, a incidência de cárie (p = 0.013) e a ausência de tratamento odontológico durante o período de follow-up (p = 0.001) foram associadas à incidência de dor dentária. Após o ajuste por variáveis confundidoras, a incidência de cárie (RP = 3.47; IC 95%: 1.04-11.59) e ausência de tratamento odontológico durante o follow-up (RP = 2.60; 95 IC %: 1.14-5.94) permaneceram associadas à maior incidência de dor dentária. Conclusão: Incidência de cárie dentária e ausência de tratamento odontológico no follow-up foram fatores de risco para maior incidência de dor dentária em pré-escolares.

Referência(s)
Altmetric
PlumX