Everyday Consumption in Twenty-First-Century Brazilian Fiction by Lígia Bezerra (review)
2024; Volume: 27; Issue: 1 Linguagem: Português
10.1353/hcs.2024.a920077
ISSN1934-9009
Autores Tópico(s)Literature, Culture, and Criticism
ResumoReviewed by: Everyday Consumption in Twenty-First-Century Brazilian Fiction by Lígia Bezerra Cecília Rodrigues Everyday Consumption in Twenty-First-Century Brazilian Fiction Purdue UP, 2022 By Lígia Bezerra Everyday Consumption in Twenty-First-Century Brazilian Fiction, livro de Lígia Bezerra, é uma análise abrangente e inovadora acerca da cultura de consumo no Brasil a partir da perspectiva dos estudos culturais. Como primeira publicação a mapear a representação do consumo na literatura brasileira do século XXI, o livro analisa dez obras de oito escritores, todas publicadas entre 2006 e 2015, anos dos governos Lula e Rousseff, período de intensa inclusão social por meio do consumo. Como a autora esclarece na introdução, o estudo do consumo pela crítica literária brasileira, desde os anos 1970, tem sido subjugado esteticamente a um enquadramento de alienação e desigualdade social. Diante desse contexto, Bezerra propõe expandir o debate sobre consumo na literatura brasileira com o [End Page 228] intuito de incluir perspectivas plurais. Assim, ao utilizar a expressão “narrativas de consumo”, a estudiosa revela uma gama de interpretações do consumo a partir da sua interação com a vida cotidiana, passando inclusive por representações esperançosas da existência. A introdução oferece um panorama das teorias do consumo, um histórico da representação do consumo na América Latina, além de tecer considerações acerca da relação entre consumo e vida cotidiana. Desenvolvidas por críticos como Adorno, Baudrillard, Benjamin e Bordieu, as teorias do consumo podem ser compreendidas a partir de três focos principais: a produção do consumo, os modos de consumo e os prazeres emocionais do consumo. No contexto brasileiro, a discussão se centra nos estudiosos Antonio Candido e Silviano Santiago que, na segunda metade do século XX, enfatizaram o impacto negativo da cultura de massa na ‘grande’ literatura. No que concerne à América Latina, Bezerra traça um histórico das interseções entre literatura e consumo e ‘alta’ e ‘baixa’ cultura. Esta seção da introdução situa o caso brasileiro no cenário latino-americano, estabelecendo pontos de contato relevantes para um entendimento aprofundado do continente. A introdução finaliza com uma explanação acerca do consumo e da vida cotidiana, conceitos amplamente debatidos e contestados. Enquanto o consumo é entendido no livro como uma atividade social que medeia várias esferas da vida cotidiana, o conceito do cotidiano lefebvriano é privilegiado por ser compreendido como pleno de possibilidades de resistência e subversão. Dividido em cinco capítulos, o livro de Bezerra analisa, no capítulo 1, O Brasil é bom (2014) de André Sant’Anna e Luxúria (2015) de Fernando Bonassi. O capítulo 2 se dedica aos livros O livro dos mandarins (2009) de Ricardo Lísias e Reprodução (2013) de Bernardo Carvalho, enquanto o capítulo 3 estuda três romances de Ana Paula Maia: O trabalho sujo dos outros (2009), Carvão animal (2011) e De gados e homens (2013). Os livros Mãos de cavalo (2006) de Daniel Galera e A maçã envenenada (2013) de Michel Laub são analisados no capítulo 4 e, por fim, o capítulo 5 traz um estudo da obra Guia afetivo da periferia (2009) de Marcus Vinícius Faustini. Com o título de “Consumer’s Dystopia”, o primeiro capítulo examina o que a estudiosa chama de narrativas distópicas totalizantes (narratives of totalizing dystopia), representando o lado radicalmente negativo do consumo no cotidiano brasileiro do século XXI. Em ambas as narrativas, há a exposição da realidade social brasileira, permeada de violência, preconceito, instabilidade política e tensas relações sociais. De acordo com os enredos, este cenário deriva da cultura de consumo, apresentada como problemática, uma vez que cria pessoas individualistas e enfraquece relações solidárias. Dialogando com Wendy Brown, Bezerra afirma ser esse contexto distópico, perpassado por problemas socioeconômicos e políticos, que põe democracias num caminho catastrófico de desintegração. Se em Luxúria os espaços sociais (a casa, a escola, a fábrica) são vivenciados...
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