Artigo Acesso aberto Produção Nacional

“Não sei porque você se foi, quantas saudades eu senti”: vivências de mulheres em luto perinatal

2023; UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA; Volume: 49; Linguagem: Português

10.34019/1982-8047.2023.v49.40674

ISSN

1982-8047

Autores

Andrielly Cavalcante Fonseca, Glenda Agra, Monique Pereira da Silva, Maria Clara Soares Dantas, Edlene Régis Silva Pimentel, Alynne Mendonça Saraiva, Edmundo de Oliveira Gaudêncio,

Tópico(s)

Grief, Bereavement, and Mental Health

Resumo

Introdução: O luto perante a morte perinatal é específico e diferente de uma perda real, uma vez que a mãe nunca conheceu o objeto do seu luto e a morte repentina do bebê representa também a perda de uma identidade maternal. É neste momento, após o conhecimento de que algo que não aconteceu, que as expectativas e os desejos de gerarem uma vida ficam proibidos, e o sofrimento e a reação à perda tomam repercussões. Objetivo: Investigar as vivências de mães em luto perinatal. Método: Trata-se de uma pesquisa exploratória, com abordagem qualitativa, realizada com mulheres em luto perinatal acompanhadas pela equipe multiprofissional de uma maternidade pública da Paraíba, com idade maior ou igual a 18 anos. Utilizou-se a saturação dos dados para o fechamento amostral. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Resultados: Participaram das entrevistas 18 mulheres em luto perinatal. A partir dos discursos das mulheres enlutadas foi possível elaborar duas categorias temáticas: categoria temática 1 – processo de enlutamento; e categoria temática 2 – processo de cuidar à parturiente. Discussão: De forma geral, observou-se que a maioria das mulheres elaborou a perda de seus bebês, atravessou o trabalho de luto, experimentando sentimentos de choque, negação, culpa, ambivalência, e, com isso, ressignificando suas dores, contudo, outras mulheres não conseguiram elaborar a perda do bebê morto. No que se refere ao processo de cuidar, observou-se, de forma geral, uma lacuna na assistência humanizada às mulheres, sobretudo no período intraparto e puerperal. Conclusão: Consideram-se urgente a elaboração e a implantação de uma política pública voltada para o luto perinatal, desde o puerpério imediato até o seu retorno domiciliar, a fim de assistir às mulheres no período puerperal, considerado o mais difícil no processo de enlutamento.

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