Artigo Acesso aberto

“Pantera Negra é do bem?” dispositivos afirmativos da cultura africana e afro-brasileira em uma experiência escolar

2024; Editora Univates; Volume: 21; Issue: 2 Linguagem: Português

10.54033/cadpedv21n2-101

ISSN

1983-0882

Autores

Gabriel dos Santos Kehler, Juniele Martins Silva, Patrício Ceretta, Priscila dos Santos Peixoto,

Tópico(s)

Race, Identity, and Education in Brazil

Resumo

Este artigo apresenta reflexões sobre o debate da Cultura Africana e Afro-brasileira em registros pedagógicos de um projeto interdisciplinar desenvolvido em uma Escola Municipal de Itaara-RS (ano letivo de 2018). Os conceitos de biopolítica e necropolítica foram mobilizados teórico/metodologicamente na e para a captura de dispositivos afirmativos dos corpos-negros, com efeitos à problematização sobre a importância da temática nas escolas e sua urgência em visibilidades de referenciais positivos. Em suma, os registros pedagógicos provocaram a desnaturalização de preconceitos e intolerâncias históricas, culturais e sociais, culminando com sua exposição na Semana da Consciência Negra da escola, sendo que todo projeto foi pensado e desenvolvido baseado no conceito de biopolítica de Foucault (1985), observando como as políticas afirmativas operam nesse sentido e pelo conceito de Necropolítica de Mbembe (2016), mostrando como os povos e a cultura africana sofrem um processo sistemático de extermínio físico e simbólico. Entre as atividades desenvolvidas, podemos citar: confecção de bonecas abayomy, confecção de máscaras africanas, debates sobre racismo, trabalhos sobre a mitologia dos orixás, exposição culinária e um ciclo de cinema com filmes que abordam a temática; Entre essas ações, a última contribuiu para o título desse artigo por meio da exibição do filme “Pantera Negra” (2018), da Marvel. Durante a exibição, uma estudante branca, assistia com desconfiança ao filme e passados alguns minutos ela indagou a professora: – “Professora, o Pantera Negra é do bem?” A expressão e desconfiança da estudante ao assistir um filme que trata a cultura africana de forma emponderada e coloca um jovem negro como super-herói produziu certo “desconforto”, uma vez que é recorrente presença de atores e atrizes negras na televisão e cinema em papeis que remetem à escravidão, corpos-negros em subserviência e ao posto de grandes vilões. Ademais, enquanto trabalho contínuo e interdisciplinar fica a aposta no deslocamento de um corpo que foi marcado e nomeado pelas credenciais do aprisionamento, para uma enunciação afirmativa de pertencimento: Sim, o Pantera Negra também pode ser do bem! Afinal, o que pode(m) e/o não pode(m) um/vários corpo(s)-negro(s)?

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