
NEOPLASIA MALIGNA INDETERMINADA DE CANAL ANAL EM TOPOGRAFIA DE POUCH ILEAL PRÉVIO
2023; Thieme Medical Publishers (Germany); Linguagem: Português
10.1055/s-0044-1781043
ISSN2317-6423
AutoresJoão Paulo Slongo, Alana Foletto de Freitas, Ana Carolina de Quadros, K G Alberti, Ricardo Ferreira Roman, Djoney Rafael dos Santos, Geanine Baggio Fracaro, André Pereira Westphalen,
Tópico(s)Biliary and Gastrointestinal Fistulas
ResumoRelatamos o caso da paciente MGA, de 50 anos, do sexo feminino, portadora de retocolite ulcerativa havia 23 anos, submetida a colectomia total com ileostomia terminal em julho de 2015 por colite fulminante. CO caso se complicou com abscesso intracavitário drenado cirurgicamente em agosto de 2015. Após boa evolução, a paciente foi submetida a proctectomia e confecção de pouch ileal com ileostomia protetora em abril de 2016, com subsequente reversão da ileostomia em julho do mesmo ano. Então, ela evoluiu com estenose da anastomose ileoanal e abscesso pélvico refratários às medidas conservadoras, de modo que se optou pela remoção do pouch, drenagem de abscesso e confecção de ileostomia terminal em abril de 2017. A paciente permaneceu em seguimento ambulatorial com queixa de dor abdominal crônica desde 2017, com diversos internamentos para analgesia e investigação com tomografias, que demonstravam formações sólido-císticas em topografia de pouch prévio, além de retossigmoidoscopia com biópsia em 2018, a qual revelou alterações crônicas, degenerativas e inflamatórias condizentes com achados tomográficos. Realizou-se nova TC de abdome em 2022, que demonstrou formação sólido-cística pré-sacral sugestiva de formação neoplásica, e optou-se por novo exame proctológico, que demonstrou estenose de canal anal e lesão endurada, que a biópsia revelou se tratar de neoplasia maligna indeterminada de canal anal em topografia de pouch ileal prévio. A paciente foi encaminhada para seguimento e tratamento oncológico. Aproximadamente um terço dos pacientes com retocolite ulcerativa necessitará de cirurgia cerca de 13 anos após o diagnóstico inicial da doença. A colectomia total com ileostomia costuma ser o tratamento padrão na urgência, geralmente por quadros de colite fulminante, dilatação tóxica e hemorragia, estando a proctectomia, nesses casos, reservada para um segundo momento. Nos pacientes submetidos a cirurgia de urgência, a vigilância do coto retal continua sendo alvo de discussões, visto que há risco de até 25%de desenvolvimento de câncer no coto retal retido. Esse risco é, em teoria, eliminado quando realizada a proctectomia. Dessa forma, a evolução de paciente com desenvolvimento de neoplasia maligna em topografia de pouch prévio, mesmo após a realização de proctectomia total, é atípica. Em tese, o desenvolvimento de abscesso pélvico e estenose da anastomose ileoanal faria soar um alerta quanto ao desenvolvimento do quadro, mas sem alta suspeição visto o contexto, o de uma paciente em pós-operatório de proctocolectomia total com resultados anatomopatológicos prévios benignos.
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