<b>Recorrência dos incêndios e fitossociologia da vegetação em áreas com diferentes regimes de queima no Parque Nacional da Chapada Diamantina</b>

2011; Volume: 1; Issue: 2 Linguagem: Português

10.37002/biodiversidadebrasileira.v1i2.138

ISSN

2236-2886

Autores

Cezar Neubert Gonçalves, Felipe Weber Mesquita, Norton Rodrigo Gomes Lima Lima, Luis Antonio Coslope, Bruno Soares Lintomen,

Tópico(s)

Environmental and biological studies

Resumo

A ocorrência de incêndios florestais é uma perturbação freqüente em ecossistemas, especialmente nas regiões savânicas e campestres. No Brasil, pouco se conhece sobre a dinâmica dos incêndios em regiões como a Chapada Diamantina, Bahia, onde há a predominância de campos rupestres. Neste estudo, a recorrência dos incêndios no Parque Nacional da Chapada Diamantina é avaliada no período entre 1985 e 2010. Com base nos dados sobre a ocorrência de incêndios, foram determinados sítios com diferentes regimes de queima onde se realizaram levantamentos fitossociológicos. Além dos procedimentos usuais neste tipo de levantamento, a vegetação foi dividida em três componentes: graminóides, herbáceas e arbustivo-arbóreas. Testes de correlação foram realizados, para verificar se há relação entre a cobertura por estes elementos em cada sitio e o tempo decorrido entre os incêndios. Os resultados obtidos demonstraram que 59,41% do parque foram atingidos por até quatro eventos de incêndios no período considerado, enquanto 1,01% foram atingidos por cinco a nove eventos de queima. Os ambientes onde os incêndios na vegetação não foram registrados incluíram áreas elevadas entremeadas por vales profundos de rios ao norte da cidade de Mucugê. Outras áreas não afetadas por incêndios incluíram florestas estacionais e alguns campos rupestres ao sul e ao leste da cidade citada. O mapa sobre o tempo decorrido desde a última queima mostra que as maiores extensões afetadas no intervalo de tempo que inclui a temporada de 2008 (três a quatro anos), quando 41,93% do parque nacional foram queimados. A análise fitossociológica mostrou uma baixa similaridade entre as áreas e permitiu correlacionar as diferenças encontradas com as fitofisionomias dos sítios amostrados e aspectos edáficos. Apenas o componente graminóide teve sua cobertura média fortemente correlacionada com o tempo médio entre os incêndios (F = 324,7204; r = 0,9969; p = 0,0021). Os resultados obtidos mostram que há uma grande variação no regime de queima entre as diversas áreas do Parque, o que tem implicações para seu manejo. Em áreas onde os focos são menos comuns, o combate direto pode ser recomendado. Em áreas com maior recorrência, a adoção de medidas de controle pode ser mais eficaz. A coincidência observada entre a grande recorrência de incêndios e a ocorrência de sempre-viva-de-mucugê (Comanthera mucugensis (Giul.) L.R. Parra & Giul.) indica a necessidade de medidas adicionais de proteção e pesquisa sobre esta espécie e ecossistemas associados.Â

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