Monitorização de RNA de Norovírus, Rotavírus e do vírus da hepatite A em água natural e para consumo do sistema de abastecimento da EPAL e AdVT

2023; Volume: 43; Issue: 1 Linguagem: Português

10.5894/rh44n1-cti4

ISSN

2182-9926

Autores

Daniel Salvador, Célia Neto, Rui Neves Carneiro,

Tópico(s)

Viral gastroenteritis research and epidemiology

Resumo

O saneamento e o abastecimento de água potável são duas condições essenciais para a saúde humana. Em 2025, prevê-se que metade da população possa viver em áreas de stress hídrico, o que poderá aumentar o risco de exposição a agentes patogénicos, como bactérias, fungos, protozoários e vírus. Destacam-se os vírus entéricos, que infetam e replicam no trato gastrointestinal. Transmitem-se maioritariamente pela via fecal-oral através do consumo de alimentos ou água contaminados. Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo principal a monitorização do RNA de Norovírus, Rotavírus e do vírus da hepatite A em amostras de água natural doce e água para consumo humano dos sistemas de abastecimento da Empresa Portuguesa das Águas Livres, S.A. (EPAL) e das Águas do Vale do Tejo, S.A. (AdVT). A colheita de amostras de águas doces naturais incluiu águas superficiais, colhidas num rio e em quatro albufeiras, e águas subterrâneas colhidas em três furos. As campanhas de amostragem decorreram entre Janeiro e Dezembro de 2021. O procedimento experimental utilizado foi adaptado do Método 1615 (EPA/600/R-10/181). A deteção e quantificação do RNA viral foi realizada pelo método PCR em Tempo Real (RT-qPCR). Entre Janeiro e Dezembro de 2021 foram colhidas 86 amostras, 43 amostras de água natural e 43 de água para consumo humano. Das 43 amostras de água natural, 35 eram provenientes de massas de água superficial e 8 de massas subterrâneas. Nas amostras de água natural foram detetados RNA de Norovírus e de Rotavírus, mas não do vírus da hepatite A. A concentração de RNA foi variável ao longo do ano para os dois vírus detetados (0 - 23464 UG/L). Não se verificou uma padrão de sazonalidade na deteção/quantificação de RNA viral. No entanto, vale a pena ressalvar que na maioria dos pontos de amostragem, as maiores concentrações de RNA viral ocorreram nos meses de Verão. As amostras de água subterrânea apresentaram um reduzido nível de contaminação viral. Por outro lado, a água proveniente do rio apresentou as maiores concentrações de RNA de Rotavírus. Nas amostras de água para consumo foram detetados RNA de Norovírus e de Rotavírus, mas não do vírus da hepatite A. A concentração de RNA viral nesta matriz foi inferior à encontrada em água natural, tendo variado entre 0 - 544 UG/L. Espera-se com este projeto contribuir para aumentar o conhecimento sobre a presença destes vírus em água e assim permitir, à Entidade Gestora, o desenvolvimento do sistema de avaliação de risco e complementar o Plano de Segurança da Água.

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