
Autoria partilhada na literatura digital
2023; UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS; Volume: 43; Issue: 2 Linguagem: Português
10.20396/remate.v43i2.8670614
ISSN2316-5758
AutoresDébora Keppi Deicke, Vinícius Carvalho Pereira,
Tópico(s)Digital Media and Philosophy
ResumoNa literatura digital, ganham espaço práticas que por vezes transgridem noções mais convencionais de materialidade e autoria advindas da literatura impressa, sobretudo a associação um livro – um tema – um autor. Entre outras importantes obras de literatura digital lusófona, analisamos no presente artigo Fantasia breve, a palavra-espuma, gerador automático de poesia idealizado por Rui Torres, com programação de Nuno Ferreira, baseado em poemas de Ana Hatherly. Interessa-nos, acerca desse projeto, indagar a complexa dinâmica coautoral que se estabelece entre os criadores supracitados e o leitor, o qual também é responsável por aquilo que lê, dado que os poemas de Fantasia breve desaparecem muito rapidamente da tela, impondo ao leitor a necessidade de decidir quais porções do texto ler e quais ignorar. Assim, procuramos observar de que modo idealizador, programador, poetisa e leitor contribuem de maneira distinta e em tempos diferentes de produção/execução/recepção para a construção de sentidos a partir dos poemas automática e aleatoriamente gerados pelo software. Em nossa pesquisa, destacamos como operadores analíticos os conceitos de hiperleitura, combinatória, escrita não criativa e remixagem, e tentamos situar Fantasia breve, a palavra-espuma na série literária lusitana com relação a outros experimentos poéticos combinatório-procedimentais, especialmente a poesia ibérica maneirista e barroca e a poesia experimental portuguesa do século XX.
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