
Caracterização clínica e epidemiológica dos casos de monkeypox vírus atendidos no Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Assistência Especializada do interior de São Paulo
2023; Linguagem: Português
10.5327/dst-2177-8264-202335s1009
ISSN2177-8264
AutoresMarianna Yumi Kawashima Vasconcelos, Luciana Mazucato Fontes do Patrocínio, Carla de Moraes e Silva, Andrea Nakamura Prates Gustavo, Terezinha Kinue Yano, M. Rinaldi, Anna Christina Tojal da Silva, Gabrielle de Souza Mury, Renata Abduch, Aracele A. Silva Nascimento Ferrais,
Tópico(s)Science and Education Research
ResumoIntrodução: O aumento súbito dos casos de monkeypox vírus no início de 2022 gerou um alerta de saúde pública no mundo todo. Nesse contexto, são imprescindíveis os estudos dos casos, dos fatores de risco, das apresentações clínicas e dos resultados da infecção. Objetivo: Caracterização clínica e epidemiológica dos pacientes com monkeypox vírus atendidos no Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Assistência Especializada (CTA/SAE) de Ribeirão Preto, São Paulo, no período de julho de 2022 a janeiro de 2023. Métodos: Estudo transversal quantitativo com dados extraídos dos prontuários e das fichas de notificação dos casos confirmados. Resultados: No total, foram coletadas amostras de lesões de 30 casos suspeitos, dos quais 23 foram detectados com a presença do monkeypox vírus pelo exame de RT-PCR. Todos os casos eram do sexo masculino, com idade média de 32,3 anos (desvio padrão [DP]=8,97), sendo 11 (48%) brancos e 10 (43%) pardos. Com relação à sexualidade, 20 (87%) eram homens que fazem sexo com homens (HSH) e 3 (13%) heterossexuais, 22 (96%) cisgêneros e 1 (4%) transgênero, e 20 (87%) afirmaram ter múltiplos parceiros sexuais, com média de 3,6 parceiros (DP=6,69) nas últimas três semanas. Além disso, 6 (26%) eram pessoas que vivem com HIV (PVHIV) e 11 (47%) eram usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP). Suspeitou-se que a transmissão ocorreu por meio de atividade sexual em 91% dos casos. Os principais sintomas gerais apresentados foram adenomegalia (74%), febre (65%) e mialgia (65%). As formas de lesões predominantes apresentadas foram pústulas (78%), crostas (65%) e vesículas (39%), sendo acometidos principalmente a região genital (87%), o tronco, os membros superiores e os inferiores (43%). Durante os atendimentos, também foram realizados testes rápidos e/ou sorologias de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); três casos foram diagnosticados com sífilis e um caso novo de HIV. Por fim, o tempo médio de duração dos sintomas foi de 21,4 dias (DP=10,95) e não houve letalidade, porém dois pacientes necessitaram de internação. Conclusão: Os casos de monkeypox demandaram adequação do local de trabalho para isolamento e coleta das amostras, além de preparação da equipe multidisciplinar. A procura por atendimento do monkeypox também trouxe a oportunidade de testagem e de diagnóstico de outras ISTs. Destaca-se a importância da identificação dos grupos vulneráveis, do diagnóstico precoce e da promoção de educação sobre a doença.
Referência(s)