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UMA ANÁLISE DO DISCURSO ANTI-IMPERIALISTA DE JESUS EM JOÃO 14:27-31

2023; Volume: 32; Issue: 3 Linguagem: Português

10.18224/frag.v32i3.12590

1983-7828

Luiz Alexandre Solano Rossi, José Carlos Ferrugem Moraes,

Migration, Racism, and Human Rights

Procura-se compreender as palavras de Jesus em seu discurso de despedida (João 14:27-31), momentos antes de sua ida ao Calvário para a morte de cruz. A cruz era considerada uma penalidade imposta pelo Império Romano a todos que fizessem oposição à nova ordem imperial romana. Trata-se de uma análise bíblico teológica da perícope levando em consideração a presença política, econômica e social do Império Romano. A paz apresentada por Jesus é contrastada com a política de dominação imperial conhecida por pax romana, ou seja, um conjunto de atribuições que visava unicamente o domínio territorial, econômico e social, fazendo com que os povos fossem subjugados ao domínio imperial. A paz proposta por Jesus não possuía nada em comum com o que era vivido no contexto social romano. Ao ser lido numa perspectiva anti-imperialista, o evangelho joanino apresenta o príncipe deste mundo como se fosse a representação do Império Romano. Afinal, naquele tempo, ninguém ousaria pensar, agir, falar, e quanto mais escrever algo que fosse contra a teologia de dominação imperial. Roma utilizou-se muito bem de sua máquina de guerra, demonstrou pleno exercício da tecnologia disponível, visando massacrar todo aquele que fosse contra sua política, fato que se observa na expressiva quantidade territorial que atingiu e manteve. Dessa forma, a leitura de João 14:27-31 em perspectiva anti-imperialista traz à luz a percepção de que a paz de Jesus eclipsa a paz imperial, assim como critica a presença do imperador (ou do império) como representado simbolicamente por Satanás.