ENTRE O HÉTERO-DETERMINISMO ESTRUTURAL E A AUTODETERMINAÇÃO AGENCIAL; SEXO E GÉNERO ENTRE TRAVESTIS BRASILEIRAS EM CONTEXTO MIGRATÓRIO DE PROSTITUIÇÃO EM PORTUGAL
2024; Volume: 4; Issue: 6 Linguagem: Português
10.56083/rcv4n6-030
ISSN2764-7757
Autores Tópico(s)Anthropological Studies and Insights
ResumoEste artigo procura aprofundar o papel dos poderes estruturais e infraestruturais na coprodução de identidades, mediante exercício tacitamente delegado em instituições da socialização, passiva ou negociada por parte dos seus destinatários. Neste quadro, há autores que organizaram os seus percursos académicos acentuando um outro prisma de abordagem, vulgo, estruturalismo ou agenciamento dos sujeitos. O estruturalismo, como o próprio nome indica advém de estrutura e esta encontra no discurso e sua ação conformativa de comportamentos, um dos seus meios privilegiados. A capacidade agencial e de autodeterminação dos sujeitos, por sua vez, assenta num argumentário que visa fundamentar a pertinência da performatividade como sendo ela própria, simultaneamente, consequência e fonte do discurso, mantendo com este uma relação próxima de reciprocidade dialogicamente condicionante. Neste enquadramento, procuraremos analisar autores que assumem, um ou outro posicionamento teórico, tendo não só como referência a sua bibliografia, mas, também o estudo de caso de Travestis Brasileiras que a dada altura conjeturaram emigrar para Portugal com o intuito de se dedicarem à atividade profissional que exercem no âmbito da indústria do sexo, procurando alcançar, como os outros migrantes, melhores condições de vida. Para tal, recorremos à observação participante e não participante – com recurso a entrevistas semidiretivas – bem como, à análise da evolução das relações de género, que historicamente se encontram profundamente hirarquizadas. A questão de fundo que suscitamos, é a de saber se a expressão de género, a atividade exercida e o próprio projeto migratório empreendido pelas Travestis Brasileiras, se situam no âmbito de constrangimentos sociais que as pressionaram para o efeito, ou, se pelo contrário, tais fenómenos ocorrem tendo como origem fundamental a sua capacidade agencial dentro da superestrutura, ou ainda, se, decorrem de combinatórias sociais diversificadas entre ambos os polos de abordagem.
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