Artigo Acesso aberto

NATUREZAS E MÁQUINAS FICCIONADAS NA VISUALIDADE GRÁFICA DO SUL. Cartazes turísticos do Rio de Janeiro e do litoral uruguaio 1930-1960

2024; Linguagem: Português

10.5151/7spdesign-046

ISSN

2318-6968

Autores

Magdalena Ana SPRECHMANN GOMEZ, Eduardo Augusto Costa,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

A atividade turística expandiu-se como prática social de lazer e tempo livre no início do século XX. De natureza urbana, as próprias cidades – metrópoles históricas ou emergentes – transformam-se em destinos turísticos, interligados por grandes meios de transporte, primeiro navios, aviões depois. A 'praia', paisagem que parece periférica e 'vazia', uma invenção moderna segundo Corbin, assume um uso e uma ressignificação como espaço público. E surge a necessidade de criar histórias, mitos e ficções para comunicar os imaginários modernos associados às novas práticas culturais e ao turismo. A revalorização do cartaz turístico contribui para o estudo da cultura visual, memória gráfica e história do design que compõem as identidades coletivas latino-americanas. O projeto de mestrado tem como objetivo principal a abordagem transdisciplinar em torno de cartazes como mediadores entre territórios e novas práticas turísticas, expressos com recursos visuais de ícones cenográficos genéricos, imaginários locais ou modernos de um novo conceito de 'lazer'. Durante parte do s. XX estes imaginários modernos foram representados, sob um 'pintoresquismo vedado', onde fundos cénicos, figuras contemplativas modernas são recriadas no novo espaço público como a praia. Primero Rio de Janeiro, e depois Punta del Este e Mar del Plata, eram locais turísticos emergentes, com fortes imaginários internacionais e regionais. Esta apresentação avança num estudo de caso de produção gráfica comparativa sobre cartazes turísticos do Rio de Janeiros e do litoral do Uruguai. Foram explorados diversos materiais, alguns muito expostos na sua época, outros nem tanto, tentando recuperar algumas crónicas quase desconhecidas sobre a sua criação. Coloca-se a hipótese de que 'naturezas' e 'máquinas' abstraem, encerram e ficcionalizam a realidade. Neste sentido, há um certo 'transvasamentos' nas técnicas de projeto; fotografia, pintura, artes gráficas e representações arquitetônicas e paisagísticas. É interessante observar que cartazes e fotografias apresentam temas e representações gráficas comuns, ou que ajudaram a construir uma memória gráfica associada a um imaginário da natureza e a modernas máquinas ficcionais de promoção de experiências turísticas. Como método de pesquisa se propõe Poupart para a realização de entrevistas; e para o que respecta a análise gráfica ; Villas-Boas quanto à diagramação; Farias e Brizolara para o estudo tipográfico; e para o análises das imagens ou modelo proposto por Goldsmith. O estudo da visualidade ficcional turística, dentro da cultura do design moderno, é um tema em aberto tanto na historiografia uruguaia quanto na brasileira. Ate o momento foram revisadas fontes primárias, como cartazes (dispersos em diversos arquivos), esboços originais inéditos de designers uruguaios, revistas e folhetos promocionais e exposições cariocas. Rio de Janeiro foi visitado para analisar os lugares representados; realizadas entrevistas com pessoas ligadas à exposição no Rio e com curadores e designers uruguaios. Isto permite-nos começar a reconstruir processos de design relevantes, bem como a localização de vários artistas altamente qualificados e pouco conhecidos.

Referência(s)
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