Letreiros em fachadas de oficinas tipográficas paulistanas (1900-1930): contribuições para o estudo das paisagens tipográficas
2024; Linguagem: Português
10.5151/7spdesign-043
ISSN2318-6968
AutoresFábio Mariano Cruz Pereira, Priscila Lena Farias, Emanuela Bonini LESSING,
Tópico(s)Visual Culture and Art Theory
ResumoAs oficinas tipográficas fizeram parte da visualidade do espaço urbano da cidade de São Paulo durante o início do século XX, seja na região do chamado Triângulo Comercial onde funcionavam seus escritórios de representação, ou em bairros considerados distantes, situados para além da Várzea do Carmo, onde funcionavam suas oficinas. Durante a pesquisa de doutorado que deu origem a este resumo, fotografias da cidade de São Paulo capturadas entre 1900 e 1930 foram consultadas no acervo do Museu da Cidade. Nelas estão retratadas diversas fachadas de oficinas tipográficas contendo os letreiros que as identificavam. O presente estudo buscou identificar e descrever as principais características gráficas desses letreiros, que foram posteriormente catalogados e disponibilizados na base de dados (http://is.gd/brazilprintoffices). Estudos sobre letreiros em fachadas no ambiente urbano já foram apresentados em trabalhos como os de Gray (1986) e, no contexto de São Paulo, D'Elboux (2018) e Farias (2016), fornecendo subsídios para um melhor entendimento da sinalização pública durante o processo de industrialização de São Paulo e daquilo que Farias (2016) denominou paisagens tipográficas. Os métodos envolveram consulta e seleção de 67 fotografias em que era possível examinar pequenos detalhes, obtendo-se imagens de letreiros de 22 oficinas tipográficas atuantes em São Paulo, além de imagens de oficinas cujos nomes não puderam ser identificados. Os letreiros selecionados foram tratados e distorcidos para correção de perspectiva (Pereira & Farias 2021). Observou-se que os letreiros das oficinas eram compostos em sua maioria por artefatos acrescidos posteriormente à construção da edificação (placas, toldos, pinturas, luminosos etc.), sendo apenas 1 identificada como tipografia arquitetônica no sentido empregado por Farias (2016: 144). Os estilos de letras encontrados, em ordem de maior para menor ocorrência, são: grotescas, serifadas, toscanas, fantasias e escriturais. A referência para os estilos encontrados é o website Tipografia Paulistana (https://www.fau.usp.br/tipografiapaulistana/). Observa-se o uso recorrente de letreiros em negativo, isto é, letras claras sobre fundos escuros (Figura 1A) como também o uso de letras maiúsculas ou versais com versaletes (Figura 1B). Parte dos letreiros foram instalados em formato grande, muitas vezes ocupando toda a largura da fachada e sempre na parte mais alta da edificação (Figura 1C). Por fim, as letras toscanas, geralmente compostas por serifas bifurcadas ornamentadas, mostraram-se comuns, contrapondo-se ao que se verifica nos impressos do mesmo período (Pereira & Farias 2020) e sugerindo que o tempo de uso deste estilo de letra no espaço urbano foi mais longo do que nos impressos. Tais letreiros resultaram quase sempre de instalações posteriores à construção dos prédios, possivelmente por serem imóveis arrendados. As instalações em grande escala denotam o esforço em comunicar em grandes distâncias e a importância do endereço físico das oficinas como elemento de divulgação de seus serviços.
Referência(s)