Artigo Acesso aberto

Do sótão para a sala de estar: Móvel Moderno Brasileiro no século XXI

2024; Linguagem: Português

10.5151/7spdesign-040

ISSN

2318-6968

Autores

Fernanda Tozzo Machado, Maria Cecília Loschiavo dos SANTOS,

Tópico(s)

Urban and sociocultural dynamics

Resumo

A presente tese tem como objetivo investigar o fenômeno da ressignificação do Móvel Moderno Brasileiro no século XXI, sob o ponto de vista dos objetos artísticos, do mercado e da autenticidade. Este estudo qualitativo, de natureza exploratória, tem base em duas análises: a observacional e a fenomenológica. Parte-se dos estudos das sociologias da cultura, do consumo e do mercado, em que é realizada vasta revisão bibliográfica; e da semiologia do design, na revisão iconográfica do mobiliário brasileiro e internacional. As fontes de dados compõem-se por publicações diversas, tais como livros, catálogos, artigos e resenhas; bem como de entrevistas semiestruturadas em profundidade. A pesquisa tem início com a demanda pelo reconhecimento desses móveis como representativos do design brasileiro no início do século XX, com os primeiros estudos acadêmicos e exposições. Em seguida, analisam-se o estatuto do objeto moderno, a afetividade nas relações entre sociedade e artefatos, bem como as múltiplas formas de atribuição de significados, os quais podem se agregar aos objetos; e, ainda, as diferentes interpretações que os indivíduos fazem desses objetos. Nesse sentido, é examinado como certos grupos sociais se apropriam desses objetos revalorizados para servirem de símbolos de status social. Desse modo, observa-se a crescente procura pelos Móveis Modernos Brasileiros no mercado secundário – entendido como local de revendas –, a fim de serem comercializados como consumo ostentatório para abastados colecionadores, que compõem seus ambientes de colecionismo particular junto a obras de arte. Assim, de acordo com a sociologia pragmática francesa, o consumo conspícuo desses móveis – os quais foram ressignificados pelas suas condições de sofisticação, reconhecimento do designer, grande procura no mercado e pelos seus altos preços – os enquadra na nova economia do enriquecimento. Por essa razão, essas mobílias são consideradas como bens de capital, proporcionam liquidez em curto, médio e longo prazo, e assim são armazenadas para serem comercializadas como objetos de investimento. Logo, em virtude da demanda muito superior do que a oferta, este estudo constata a atuação dos falsificadores, o que cria ambiente de dúvidas quanto à originalidade dos móveis produzidos entre a década de 1940 e os anos finais de 1960. A partir de então, verifica-se que o colecionismo condiciona o certificado de autenticidade ao móvel, o que vem causando dificuldades para quem comercializa; pois, como se pode garantir autenticidade a esses objetos utilizados pelas suas funções práticas? Como diferenciar o original da falsificação? Para tanto, busca-se na teoria e na prática a compreensão das dinâmicas desse restrito mercado, pautada nos entendimentos sobre as várias faces da autenticidade. Portanto, o que aqui se intenciona é contribuir para com as pesquisas e auxiliar contemporaneamente nas exposições e coleções de produções de designers brasileiros.

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