Artigo Acesso aberto

Uma breve reflexão acerca da Antropofagia e o design gráfico brasileiro: método e resultados

2024; Linguagem: Português

10.5151/7spdesign-044

ISSN

2318-6968

Autores

Leonardo Coelho SIQUEIRA, Marcos da Costa BRAGA,

Tópico(s)

Visual Culture and Art Theory

Resumo

Estudos sobre design gráfico brasileiro vêm buscando preencher lacunas historiográficas para a melhor compreensão de sua história. Neste esforço, diversas investigações da memória gráfica brasileira evidenciam manifestações do design em território nacional antes da assimilação de estilos internacionais, como ocorreu com a chegada da arte concreta em meados de 1940 no Brasil. No exercício de observação de manifestações como as debatidas na obra supracitada, se percebeu uma lacuna historiográfica que poderia ser investigada: a Antropofagia. Esta é entendida, no âmbito da literatura e da filosofia, como um conjunto de ideias que buscavam resgatar a ideia de identidade nacional a partir de um olhar para o local, sob a lógica de deglutição apresentada por Oswald de Andrade no manifesto antropófago (Revista de Antropofagia, 1928-1929). Os verbos deglutir, assimilar e absorver parecem ser aqueles que melhor representam os processos antropofágicos, mesmo que ainda estejam sob o filtro de quem os opera. Entende-se neste estudo, que se trata de um recorte de dissertação de mestrado, que o designer pode ser um operador da Antropofagia e mediador intelectual simbólico da mesma. Para a observação das representações da Antropofagia e, por consequência, de um projeto de identidade cultural brasileira assinadas pelos designers da época, se analisou um conjunto de capas de revistas culturais e de ideias paulistas na busca por possíveis assimilações da Antropofagia pelo design gráfico brasileiro entre 1928 e 1939. Sob a abordagem da micro-história e da História das Ideias, as capas selecionadas foram analisadas seguindo as dimensões semióticas de Charles Morris – sintática, semântica e pragmática. Para isto, se observou os elementos compositivos das capas (Villas-Boas, 2009); o estilo, forma e significados da tipografia (Silva & Farias, 2005; Farias, 2016); assim como as interações entre a ilustração e o texto empregado nas composições seguindo a linguagem pictórica gráfica da imagem (Goldsmith, 1984). Neste sentido, se selecionou quatro revistas para análise: Revista de São Paulo, Arlequim, Ritmo e A Cigarra. Nestas se observou suas histórias como um todo, também como recurso para medir os impactos do aparecimento da Antropofagia. Como produto da reflexão de diversos estudos, da observação dos elementos das capas, assim como dos aspectos conceituais, contextuais e estéticos da Antropofagia, pode-se perceber que houveram assimilações da mesma por parte do design gráfico brasileiro, observado na esfera paulista, assim como mudanças editoriais, formais e estéticas destas revistas. Portanto, pode-se concluir que os designers gráficos do período operaram a Antropofagia como mediadores intelectuais simbólicos, contribuindo para o estabelecimento de projetos de identidade cultural e para a ideia de nação brasileira.

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