Artigo Acesso aberto Produção Nacional

“Entre lobo e cão” e “dissolução”

2024; Volume: 21; Issue: 1 Linguagem: Português

10.35355/revistafenix.v21i1.1234

ISSN

1807-6971

Autores

Cleber Ranieri ALMEIDA Ribas,

Tópico(s)

Literature, Culture, and Criticism

Resumo

A abertura do livro Claro Enigma (1951), de Carlos Drummond de Andrade, inicia-se com um pórtico enigmático intitulado “Entre Lobo e Cão”, seguido do poema “Dissolução”. A tese mais aceita entre os críticos é de que “Entre Lobo e Cão” seria um intertexto com os versos de um poema de Sá de Miranda, assim como “Dissolução” evocaria o pessimismo e o imobilismo do poeta. Neste artigo pretendo demonstrar que a correta interpretação do título da secção estaria numa crônica do próprio Drummond intitulada “Para Quem Goste de Cão” (1947), a qual, em geral, é literalmente lida como um panfleto em defesa dos cães. Nossa tese, contudo, é de que a crônica deve ser lida como uma alegoria política orwelliana na qual Drummond compara poetas inautênticos a cães domésticos, lobos a poetas autênticos, escritores a crianças carentes e editores a donos de cães de luxo. Os personagens teromorfos são transfigurações dos personagens que protagonizaram o Segundo Congresso da Associação Brasileira de Escritores (ABDE). Por fim, lançaremos mão de uma interpretação contextual do poema “Dissolução”.

Referência(s)