O porão do mundo
2024; Brazilian Society of Cinema and Audiovisual Studies; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português
10.22475/rebeca.v13n1.1119
ISSN2316-9230
AutoresJens Andermann, Bruna Carolina Carvalho,
Tópico(s)Urban and sociocultural dynamics
ResumoCompondo uma espécie de nova trilogia que revê a anterior das “cartas das Fontaínhas”, Juventude em Marcha (2006), Cavalo Dinheiro (2014) e Vitalina Varela (2019) de Pedro Costa ampliam seu foco no bairro marginal da periferia de Lisboa para as experiências da diáspora cabo-verdiana residente em Portugal e para a sua existência fraturada no tempo e no espaço, marcada pela emigração forçada, pela discriminação e pelo abandono. Mas, em vez de trabalhar essas vidas negadas apenas como material narrativo, os filmes de Costa também as incorporam na forma composicional. A natureza não consecutiva dos planos, a utilização do claro-escuro e dos limiares que fazem do invisível parte constitutiva do enquadramento e a rarefação da fala (quase sempre sob a forma de monólogos) são apenas alguns dos modos como o cinema de Costa ecoa a experiência de vida de suas personagens na própria estrutura do filme. Neste artigo, proponho que essa matriz composicional também alude (embora de forma não referencial) à dimensão histórica e geopolítica do Atlântico luso como origem do Plantationoceno colonial-moderno e do seu correlato contemporâneo, o “devir-Negro do mundo” (Mbembe, 2014).
Referência(s)