Artigo Acesso aberto Revisado por pares

Godard au Mozambique

2024; Brazilian Society of Cinema and Audiovisual Studies; Volume: 13; Issue: 1 Linguagem: Português

10.22475/rebeca.v13n1.1089

ISSN

2316-9230

Autores

Karen Barros da Fonseca,

Tópico(s)

Postcolonial and Cultural Literary Studies

Resumo

Este artigo é uma investigação sobre a atuação do cineasta Jean-Luc Godard e sua produtora Sonimage em Moçambique, em 1978, em um projeto em conjunto com o governo marxista do país recém-independente. O projeto consistia na realização de uma série que se chamaria Nascimento (da Imagem) de uma Nação, que Godard trataria como um relatório da relação dos moçambicanos com a imagem para fornecer as diretrizes para implementação de uma rede de televisão no país. O projeto era interessante para ambos: para a FRELIMO, que investia no cinema como forma de construção identitária; e para Godard, que nos últimos anos vinha se dedicando à investigação da comunicação de massa, e viu uma oportunidade de criar uma televisão em um território ainda não dominado pela indústria audiovisual do ocidente. Apesar dessa convergência, o projeto não prosperou mas, ainda assim, traz muitos entroncamentos históricos, estéticos e políticos: um cineasta europeu em África, na efervescência política da pós-independência, a convite de um governo de esquerda, disposto a realizar experimentações no campo da imagem e representação. Aqui pensaremos os impasses enfrentados nessa experiência e possíveis contradições do projeto idealizado, no cruzamento entre a trajetória artística do cineasta europeu e a política cultural do país africano em processo de descolonização.

Referência(s)