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Dossiê Temático: Patrimônio Cultural, Turismo e Desenvolvimento Regional

2024; UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE; Volume: 10; Issue: 1 Linguagem: Português

10.18616/rdsd.v10i1.8937

2446-5496

Daniela Pistorello, José Manuel Lopes Cordeiro, Patrícia de Oliveira Areas,

Environmental Sustainability and Education

Os debates contemporâneos a respeito do patrimônio cultural e seus múltiplos usos, especificamente os turísticos, ao mesmo tempo em que acenam para os potenciais de geração de renda que dessa relação podem surgir, chamam a atenção para os impactos que esses usos podem apresentar nos territórios em que atividades turísticas que envolvam o patrimônio cultural sejam praticadas. Ao mesmo tempo em que esta realidade apresenta vários desafios, também traz oportunidades, sobretudo quando se trata de desenvolvimento regional. Dentre os desafios, podemos destacar os riscos de considerar os bens culturais, que formam o patrimônio cultural, como meras mercadorias. Nessa perspectiva, há uma tendência em padronizar e customizar tais bens para atender as demandas dos turistas que chegam ao território na expectativa de terem o que chamam de “uma experiência cultural”. Contudo, se a complexidade que envolve a instituição e a fruição dos patrimônios culturais forem consideradas em um processo coordenado de sua gestão e governança, o turismo cultural pode ser entendido como uma forma alternativa de geração de renda e vetor de desenvolvimento regional. Pensar turismo, patrimônio cultural e desenvolvimento regional é pensar em pessoas, práticas e território em suas mais diversas dimensões, tais como econômica, ambiental, humana, social, cultural, dentre outras. Para qual turismo e para qual desenvolvimento o patrimônio cultural tem sido utilizado? Essa foi a questão que norteou a organização desse Dossiê e os artigos que o contemplam. Pensar turismo, patrimônio cultural e desenvolvimento regional é pensar em pessoas, práticas e território em suas mais diversas dimensões, tais como econômica, ambiental, humana, social, cultural, dentre outras. Para qual turismo e para qual desenvolvimento o patrimônio cultural tem sido utilizado? Essa foi a questão que norteou a organização desse Dossiê e os artigos que o contemplam. No v. 10 n. 1 da Revista Desenvolvimento Socioeconômico em Debate, do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Econômico da Universidade do Extremo Sul Catarinense, apresentamos um dossiê temático composto por oito artigos que reúnem pesquisas, frutos de debates e discussões que tem como fio condutor reflexões sobre o Patrimônio Cultural, o Turismo e o Desenvolvimento Regional. O artigo que abre o Dossiê é de autoria de Flávio Sacco dos Anjos e de Nádia Velleda Caldas, que propõe reflexões sobre o turismo cultural no Brasil, a partir de documentos oficiais, a fim de problematizar o turismo cultural em diversos aspectos, tendo como enfoque o turismo na cidade de Pelotas/RS. Ariosto Sparemberger, Luciano Zamberlan e Cristian Sparemberger, apresentam um estudo em que investigam a percepção dos moradores de um município do Rio Grande do Sul acerca do local em que vivem, chamando a atenção para a importância do marketing de lugares para a atividade turística e o desenvolvimento regional. O artigo de Lorena Angélica Mancini e de Vania Beatriz Merlotti Herédia destacam o turismo em locais de memória como, por exemplo, os cemitérios. Apresentam estudos realizados a partir do Cemitério São Rafael, localizado em Rolândia/PR, que permitem explorar inúmeras possibilidades, a partir das relações entre história, tradições, memórias e patrimônio. Em outra perspectiva, Vanilson Pereira Silveira e Maria Luiza Cardinale Baptista analisam a atuação da Garibaldi Film Commissison, localizada no município de Garibaldi/RS e sua relação com o desenvolvimento do turismo cinematográfico nesta cidade. De forma geral, apontam sua importância para o desenvolvimento de um turismo audiovisual. Numa abordagem que problematiza o patrimônio dos municípios integrantes do Geoparque Mundial da UNESCO Caminhos dos Cânions do Sul, os autores Anna Lethicia dos Santos, Dione da Rocha Bandeira, Mariluci Neis Carelli, Juliano Bitencourt Campos, José Gustavo Santos da Silva e Mikael Miziescki, buscam refletir, em seu artigo, sobre os impactos de proteção mundial no desenvolvimento do turismo daquela região. Os autores Mirella Costa Barbosa, Maria Lúcia Bastos Alves e Almir Félix Batista de Oliveira, analisam o perfil dos moradores de Porto Seguro/BA e adjacências, que visitam o seu Centro Histórico, a fim de perceber de que maneira essas pessoas avaliam o planejamento da cidade. O artigo de Tayna Vicente, Nadja de Carvalho Lamas e Alena Rizi Marmo, apresenta uma proposição de percurso cultural por edificações modernistas no centro histórico da cidade de Joinville/SC, com o objetivo de possibilitar aproximação da comunidade com esses bens, apresentando fatos históricos e arquitetônicos sobre tais edificações. Por fim, o artigo que encerra o Dossiê, de autoria de Joaquín Sabaté Bel, apresenta as estreitas e conflituosas relações entre turismo, paisagem e urbanismo, que são percebidos a partir dos estudos realizados por parte dos investigadores do Departamento de Urbanismo e Ordenação do Território (DUOT) da Universidade Politecnica da Catalunha (UPC), Barcelona. As pesquisas apresentadas abordam, de forma diversa e heterogênea, a importância de estudos que relacionam o turismo com o patrimônio cultural, problematizando sua prática nos mais diversos territórios. Os artigos colocam em evidência a complexa trama entre o patrimônio cultural, suas paisagens culturais e seu uso como potencial turístico. Os estudos trazem, ainda, olhares ressignificados para bens patrimoniais (consagrados ou não) e problematizam sua potencialidade como produtos turísticos. Nossa proposta buscou mobilizar estudos sobre os temas sugeridos para além da constatação de sua relevância para o tempo presente; buscou reunir e colocar em pauta os diversos olhares sobre os assuntos e, por conseguinte, as visões contraditórias e complementares que versam sobre o patrimônio cultural, seus usos e seu impacto no território.