O Morro da Borússia: Paisagens do Litoral Norte Gaúcho

2024; Volume: 12; Issue: 1 Linguagem: Português

10.47456/cadecs.v12i1.45359

ISSN

2318-6933

Autores

Olavo Ramalho Marques,

Tópico(s)

Geography and Environmental Studies

Resumo

O ensaio aborda a área do Morro da Borússia, em Osório/Rio Grande do Sul/Brasil, como locus de identidades e conflitos no Litoral Norte Gaúcho, pensando-a a partir da categoria paisagem - que permite abordar processos construção humana no espaço e no tempo a partir das confluências e tensões entre naturezas e culturas. As paisagens do morro, situado na escarpa do Planalto Meridional, zona de transição entre a planície litorânea e o planalto, simbolicamente dividem este território em alto e baixo: entre a planície litorânea inundada, a franja da orla e seu núcleos urbanos enredados e outra porção do território no alto do planalto, também esta extremamente diversa, dividida em unidades mais diminutas que passam por territorialidades locais, demarcadas por um comunitarismo que tem por base os vínculos com o lugar e as relações de vizinhança. Estas paisagens remontam ao assentamento de diversos grupos étnicos que as compõem em sua diversidade e, mais recentemente, por uma diversidade de grupos que buscam a microrregião pela qualidade de vida que oferece. A Área de Proteção Ambiental do Morro de Osório (instituída em 1994 pela Prefeitura Municipal) teve, recentemente, seu Plano de Manejo revisado, escancarando conflitos, perspectivas e projeções de futuro quanto a este território. Conflitos que também se evidenciam quanto à passagem de mais uma linha de alta tensão para escoamento da energia elétrica pelo território da APA. A encosta, profundamente alterada ao longo do tempo, hoje exuberante enquanto um conjunto complexo de paisagens, patrimônio natural-cultural-ambiental, revela-se como território plural de transformações, permanências e conflitos - de ocupação descontrolada, parcelamento irregular do solo, turistificação por vezes predatória, bem como de políticas preservacionistas, criação de redes de ação coletiva e solidariedade, experiências de produção agroflorestal, entre outras formas de manejo sensíveis à etnobiodiversidade local.

Referência(s)