“Não vamos esquecer”: reflexões sobre antirracismo nas organizações a partir do caso Carrefour
2023; IIPR; Volume: 13; Issue: 26 Linguagem: Português
10.5783/revrrpp.v13i26.837
ISSN2174-3681
AutoresDalila Maria Musa Belmiro, Samuel Rubens, Pablo Moreno Fernandes Viana,
Tópico(s)Migration, Racism, and Human Rights
ResumoO Carrefour, rede francesa criada em 1959, está presente em mais de 30 países. No Brasil, a rede de hipermercados chegou em 1975 e já foi considerada a segunda maior empresa varejista do país. A partir de 2007, a rede sofreu pelo menos cinco processos com acusações de violência, racismo e/ou homofobia. Em 2020, na véspera do Dia da Consciência Negra, dois seguranças brancos espancaram até a morte João Alberto Silveira Freitas, homem negro, sob a acusação de discutir e gritar com uma funcionária, em uma unidade da empresa em Porto Alegre-RS. Neste mesmo ano, o movimento “Black Lives Matter” ganhou projeção global após o assassinato de George Floyd por policiais norte-americanos. A sociedade passou a condenar esse tipo de comportamento e uma série de boicotes começou a acontecer. Após a morte de João Alberto, uma onda de protestos em repúdio ao caso foi registrada em seis capitais brasileiras. O assassinato de João Alberto Silveira Freitas teve ampla repercussão nacional e a organização se viu imersa em uma crise grave sendo obrigada a responder à sociedade. Dentre as ações desenvolvidas pela organização para gerir esta crise está o site “Não Vamos Esquecer”, que se propunha a estabelecer compromissos antirracistas. Compreendemos as organizações como atores sociais em interação, produzindo e disputando sentidos com seus diferentes interlocutores (Baldissera, 2010; Lima &, Oliveira, 2014). Fundamentado na noção de publicidade antirracista (Leite, 2014; 2019), este trabalho reflete sobre as ações antirracistas nas organizações, tomando como ponto de partida as ações da rede de supermercados após o episódio de 2020. Para isso, adotamos como metodologia o estudo de caso, refletindo sobre as ações desenvolvidas pela rede de supermercados. Concluímos que as ações do Carrefour ainda estão comprometidas à manutenção do racismo como estrutura social do país, em virtude dos resultados da organização após a crise.
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