A Cenografia efêmera e instigante, entre fios, postes e passarelas, segue pelas ruas para o cortejo
2024; UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA; Volume: 3; Issue: 06 Linguagem: Português
10.5965/27644669030620230203
ISSN2764-4669
AutoresMarcus Paulo de Oliveira, Cristina da Conceição Silva,
Tópico(s)Law in Society and Culture
ResumoEste artigo aborda o uso das técnicas de cenografia no contexto dos desfiles de Escolas de Samba, com foco especial nos carros alegóricos. Além disso, explora alguns marcos, de maneira especulativa, nas prováveis origens da cenografia itinerante, exemplificada pelas alegorias e adereços, a partir de influências culturais que remontam grupos teatrais como da Grécia Antiga, Coforme aduz Simões (2008) essa festividade rural é trazida dos campos para as cidades por volta de 539 a.C. (por Téspis) e é a partir desta época que o Estado Grego tomou a si a organização do teatro, instituindo concursos entre os poetas dramáticos. Deste modo, o ator Téspis com sua carroça é tido por muitos como o embrião para o desenvolvimento do teatro e a cenografia itinerante, ele foi primordial. O ator grego de Ática teve uma nova e criativa ideia que faria história pelos caminhos que passava. À circular pela Grécia com sua carroça enfeitada, Carro de Tespis, apesentava-se como parte do coro como solista, fazendo com que a carroça enfeitada com folhas e uvas, composta com o coro humano formasse o cenário, por isso, aqui, a especulação sobre as bases para a cenografia itinerante a partir do fato. O estudo também ressalta a importância da cenografia itinerante, com lócus no início do século XIII, quando o papa Urbano IV instituiu a festa marcada por procissões. Supomos, devido ao caráter processional, que contribuiu para as bases dos desfiles de Escolas de Samba. Nesse contexto medieval, conhecido como o “período obscuro” do teatro, a cenografia itinerante teve um papel vital na preservação do teatro como o conhecemos hoje. Como resposta à tentativa romana de suprimir o teatro grego, outro marco foi o surgimento de artistas que usavam trajes e maquiagem, apresentando situações do cotidiano. Grupos populares foram organizados para essas apresentações, envolvendo palhaços, bufões, comediantes e domadores de animais atuando em palcos improvisados montados sobre carroças que se deslocavam de uma praça para outra. Nos dias atuais, no Rio de Janeiro, a tradição da cenografia itinerante continua viva, com desfiles de carros alegóricos nas ruas da cidade durante o Carnaval. É importante destacar que o surgimento das Escolas de Samba foi uma resposta marginal das classes sociais menos abastadas, os negros e os imigrantes pobres, que buscavam aceitação social por meio de seus desfiles no carnaval na cidade carioca. Essas escolas deram uma nova dimensão aos desfiles de Carnaval, criando um legado que persiste na atualidade. Tendo os carros alegóricos como grandes cenografias que desfilam em cortejo e despertam grande fascínio em um dos maiores espetáculo a céu aberto da terra. Destacasse aqui, que é nossa visão abstrata com vistas na cenografia itinerante das Escolas de Samba, devendo ser sublinhado que outras formas de apresentação cenográfica são importantes para o percurso como o Circo brasileiro e as Grandes e Pequenas sociedades Carnavalescas. A avaliação rigorosa das cenografias pelos jurados, seguindo critérios da Liga Independente das Escolas de Samba (LIESA), ressalta a importância da cenografia como elemento de competição e alta qualidade artística nos desfiles. Em resumo, para nós no percurso abstrato, aqui traçado, a cenografia nas Escolas de Samba do Rio de Janeiro é uma manifestação artística profundamente enraizada na cultura popular e com base na história do teatro. Sua continuação como forma de arte efêmera e impactante é uma parte vital do Carnaval carioca.
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