
FILOSOFIA E LITERATURA: DA RECUSA AO CONSENTIMENTO DO ROMANCE PELOS FILÓSOFOS DA ILUSTRAÇÃO MONTESQUIEU, VOLTAIRE, DIDEROT E O CASO ROUSSEAU. ARTICULAÇÃO ENTRE ARTE E VERDADE POR MEIO DO ROMANCE FILOSÓFICO
2024; UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ; Volume: 33; Issue: 33 Linguagem: Português
10.30611/33n33id94070
ISSN2317-2010
AutoresLuciano da Silva Façanha, Cacilda Bonfim e Silva, Flávio Luiz de Castro Freitas,
Tópico(s)Rousseau and Enlightenment Thought
ResumoNa contemporaneidade, debater sobre a relação entre Filosofia e Literatura, se torna cada vez mais necessário, principalmente no que se refere a interdisciplinaridade, que parece ser o imperativo de nossa época, mas também, porque tratar dessa relação, significa ou se vincula na relação que há entre Pensamento e Linguagem. Para os homens do período da ilustração, não havia uma relação conflituosa entre a literatura e a filosofia, pois, há uma apropriação recíproca de gêneros distintos. Entretanto, a ficção romanesca tinha um estatuto essencialmente ambíguo, mesmo porque não tinha sequer seu lugar claramente definido no domínio das Belas-Letras. Assim, na “astúcia do ofício”, o romancista-filósofo acabava por se utilizar de uma narrativa de intenção verista, na articulação e proclamação de que all is true sob a justificativa de uma exigência estética, implicando dessa forma numa profunda sinalização por uma busca da verossimilhança na narrativa do romance filosófico. Dessa forma, mesmo o século XVIII marcando uma progressiva habilitação do romance, de forma pública, pelos filósofos da Ilustração, contudo, esse consentimento não ocorreu de uma forma tão rápida e simples como poderia parecer, diante da vasta publicação de romances e contos; antes, há um recusa da narrativa romanesca, acompanhada de grandes conflitos e dolorosa aceitação daqueles que desempenharam publicamente, um importante papel nesse processo, como os filósofos Montesquieu, Voltaire, Diderot e Rousseau, “escrevendo alguns dos melhores contos e romances do tempo.” Assim, a atitude de recusa e consentimento público dos filósofos da Ilustração para com o romance, na modernidade, é muito mais complexa do que parece à primeira vista e merece ser examinada e acompanhada nesse texto.
Referência(s)