Artigo Acesso aberto Produção Nacional Revisado por pares

Doutores da ditadura: médicos e violação dos direitos humanos no Brasil (1964-1985)

2024; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA; Volume: 29; Issue: 10 Linguagem: Português

10.1590/1413-812320242910.11472024

ISSN

1678-4561

Autores

César Guerra Chevrand, Gilberto Hochman,

Tópico(s)

Youth, Politics, and Society

Resumo

Resumo O artigo aborda a participação de médicos na ditadura civil militar brasileira (1964-1985) e identifica as principais formas pelas quais esses médicos contribuíram com seus conhecimentos técnicos e científicos e suas posições institucionais para a repressão aos opositores do regime. Os autores argumentam que essa colaboração não foi eventual, mas estratégica, organizada e sistemática na assessoria a interrogatórios e práticas de tortura física e psicológicas, assim como no encobrimento de violações de direitos humanos. O artigo chama a atenção para que essa colaboração de médicos com o regime autoritário transgrediu códigos de ética profissionais e as convenções internacionais de proteção e promoção dos direitos humanos, assim como o Juramento de Hipócrates. As principais fontes históricas que embasam o artigo são os documentos do Projeto Brasil Nunca Mais e do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), assim como relatórios de comissões estaduais da verdade. Conclui que a exígua punição civil, criminal e profissional aos médicos envolvidos com a violência do regime, protegidos pela Lei da Anistia de 1979 e outras provisões legais, caracteriza o rompimento incompleto com os legados autoritários do passado, com consequências para o presente e o futuro da democracia brasileira.

Referência(s)