Artigo Acesso aberto

Sem Shibboleths

2024; Volume: 24; Issue: 1 Linguagem: Português

10.23925/1677-1222.2024vol24i1a16

ISSN

2236-580X

Autores

Julio Souto Salom,

Resumo

observamos o estudo do idioma yorùbá por grupos afro-religiosos no Brasil experimentando o conceito sociolinguístico shibboleth, para cogitar a hipótese da imaginação de uma comunidade nacional transatlântica. Apresentamos as aulas de yorùbá do mestre Cica de Òyó no terreiro da Mãe Sandra de Xapanã em Alvorada (RS, Brasil). O idioma se aprende desde a cosmopolítica afro-brasileira, estabelecendo relações de cortesia e diplomacia que valorizam a diferença, para enriquecer os rituais litúrgicos e a memória comunitária, como habilidade conectiva com o heterogêneo e etimologia contra-colonial. O estudo do yorùbá não busca a homogeneização normativa, o que contesta a tese antropológica da eclesificação do culto aos orixás e da reafricanização como concorrência pela pureza originária. Sem shibboleths, o estudo do idioma não institui normas visando uma nação yorùbá transatlântica, mas ativa agenciamentos entre nações, bacias, casas, ancestrais, deuses e aparelhos, valorizando a multiplicidade como patrimônio da matriz afro-brasileira.

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